quinta-feira, 28 de setembro de 2017

PROJETO IPTU

Foto: Tonico Alvares/CMPA
Muitos me perguntam se sou oposição ou situação. A esses que perguntam respondo que sou independente. E sendo independente, tenho a liberdade de apoiar o governo: ajudando, discutindo, criticando. Dentro desta lógica, procuro, na maioria das vezes, apoiar as questões que envolvem o Município. Procurei construir caminhos para conduzir o processo de votação do IPTU de uma forma diferente daquela que por fim se concretizou. 
Não logrei êxito, mas tentei.
Minha posição é sempre de independência proativa.  
Este final de processo, não favorável ao governo, deve ser debitado, fortemente, à própria falta de estrutura da base política do governo, que, em verdade, não existe. 
Aqui, na Casa, temos agremiações partidárias diretamente ligadas ao governo em que, a maioria de seus vereadores, se comportaram como a mais forte oposição, com críticas pessoais ao prefeito e a forma com que ele se relaciona com os vereadores.
Em uma análise fria e objetiva: faltou estratégia ao governo, compreensão de que o momento é muito complicado, e de uma crise econômica sem precedentes. 
Em meus 77, quase 78 anos, não lembro de momento assim em nossa economia nacional. Isso é decorrência de um processo mundial, que aqui, segundo alguns, seria só uma “marolinha”. Não foi. Foi um verdadeiro maremoto. O governo se desmantelou... e o país quebrou. 
Mas, e aqui, em Porto Alegre???
Nossa capital foi uma das últimas a sentir a crise, mas sentiu. E agora, passados 26 anos da última vez em que foi feita, chegou a Câmara de Vereadores este projeto de reavaliação da planta de valores. Confessadamente, algo que já deveria ter sido discutido e feito a muito tempo. Pois bem, o projeto chegou a Câmara. Foi pouco discutido e, derrotado. 
As razões??? 
Primeiramente a não compreensão do momento em que vivem o país e a cidade. 
Eu mesmo tentei ajudar ao propor uma emenda que reduzia a incidência dos tributos a ser executado no ano que vem e nos próximos anos, mas o próprio governo tirou gente do Plenário para derrubar essa emenda. Fui derrotado. Entendo que essa emenda seria um caminho para chegar a uma solução diferente da que chegamos. E repito: acho que o governo errou em sua estratégia política.
Não gosto de pessoalizar, mas, em várias situações, o prefeito fez manifestações públicas muito pesadas. Ele entende que podia colocar a Câmara sob pressão, afirmando que nós, vereadores, seríamos contrários ao progresso da cidade. E isso gerou muito descontentamento dentro do Legislativo. Então, o comportamento do prefeito também contribuiu e muito para a formação deste quadro negativo que acabou resultando na derrota do projeto do IPTU.
Primeiro, uma base insuficiente e enfraquecida, isso compromete qualquer esforço, pois hoje o governo não conta com nem um terço da Câmara em seu apoio. 
Sugestão ao governo? Precisa construir maioria: agora desenvolvendo estratégias, consolidando a base, e que o prefeito, em sua maneira de ser, evite formas de atrito desnecessárias, para evitar a implosão que aconteceu relativa ao IPTU. 
E como o prefeito diz que a pessoa tem que ter coragem de assumir as coisas, digo que não sou o mais corajoso, mas não sou nenhum medroso que tenha medo de colocar minhas posições com maior clareza. 
Nunca fui omisso. Posso ter opinião que a maioria entenda equivocada, mas tenho opinião. 
Até mesmo na derrota, podemos ser vitoriosos, se aprendermos com nossos erros. Que esta discussão que, muitos dizem, está encerrada, seja o prenúncio de um projeto concreto e consolidado, construído juntamente com a população e vereadores de reavaliação de nossa planta de valores e de nosso IPTU.