segunda-feira, 18 de julho de 2016

SOCIEDADE LIBANESA

Quero me congratular com o Vereador Dr. Thiago pela sua proposição de conceder o diploma de honra ao mérito à Sociedade Libanesa de Porto Alegre, tradicional entidade, localizada na Zona Norte de Porto Alegre, antigamente na Rua Dona Leopoldina, e mais recentemente no lugar onde construiu, há cerca de quase 20 anos, um grande complexo socioesportivo. Essa referência, é porque, ao longo do tempo, tem sido uma constante, ver as entidades sociais e recreativas definharem de forma absoluta, muitas das quais, alienando o seu patrimônio e se encaminhando para o desaparecimento. Eu venho de uma época em que era absolutamente necessário, era condição inclusive de auto-afirmação pertencer a uma sociedade dessa ordem, na medida em que elas forneciam uma festa mensal que era um encontro da juventude e era mais do que isso, um local onde nós realizávamos parte dos nossos juvenis sonhos. Dentre dessas entidades, a Sociedade Libanesa tem, na minha memória, na minha lembrança, um lugar muito especial. Dizem que, pela minha fisionomia, eu seria meio libanês, na medida em que descendente que sou de português, de catalão e, obviamente, de espanhol, eu pertenço a essa miscigenação que me confunde com essa etnia, muito respeitável e com a qual tenho profundo laço de amizade. Por isso, ao ver o Ver. Dr. Thiago propor a concessão desse Diploma de Honra ao Mérito à Sociedade Libanesa, eu tenho que, necessariamente, me manifestar e fazê-lo de forma afirmativa, congratulando-me com o meu companheiro de Bancada por esta iniciativa.

PARABÉNS AO CRUZEIRO

Minha homenagem aos Esporte Clube Cruzeiro, que no dia 14 de Julho completou 103 anos,  e é a terceira opção dentro da vida clubística do Município de Porto Alegre . Apesar de pequenino, é respeitado por todos nós como uma das belas tradições de nossa cidade e considerado um dos clubes mais simpáticos da nossa capital.
O Esporte Clube Cruzeiro sempre se caracterizou por crescer contra os clube grandes, tornando-se para estes um adversário temido e respeitado. Sua história está ligada à própria vida do futebol no Rio Grande do Sul.
Foi também o Cruzeiro que em 1917 propôs que fosse regulamentada a entrada de jogadores estrangeiros nos clubes gaúchos, a exemplo do que já ocorria em São Paulo e Buenos Aires. Mais tarde, na temporada de 1945, tornou-se o primeiro clube gaúcho a contratar um técnico estrangeiro, o húngaro Emeric Hirchl, que trouxe consigo a famosa dupla Flamini e Lombardini.
Na década de 40, o Cruzeiro formou grande equipes e conquistou títulos importantes, como a Taça Cidade de Porto Alegre, em triangular com a dupla Gre-Nal nos anos de 1943 e 1947, o Campeonato Extra da Cidade de 1943,o Torneio Início no mesmo ano e os vice-campeonatos da cidade em 1942, 45 e 47. 
Em 1941, o clube assinalava mais um grande feito ao inaugurar o Estádio da Montanha, considerado na época como um dos mais completos e modernos do País. Com a inauguração do novo estádio, na “Colina melancólica”, o Cruzeiro foi tomando vulto, foi se engrandecendo a aumentando ainda mais a sua galeria de glórias.
Este espírito pioneiro se fez sentir também em 1953, quando fez a sua primeira excursão à Europa, Ásia e Oriente Médio, tornando-se o primeiro clube fora do eixo Rio-São Paulo, a viajar tão longe. Além de um saldo positivo de vitórias, O Cruzeiro trouxe na bagagem um grande feito: o famoso empate com o Real Madri, na época penta campeão europeu e considerado o melhor time do mundo, em seu próprio estádio.
 A excursão serviu para consolidar o seu prestígio no estrangeiro, prova disso é que em 1960 o Cruzeiro voltava à Europa para uma nova gira. Pelo êxito, esta excursão não ficou nada a dever à primeira e, na volta, os estrelados traziam para o Brasil o título de Campeões do Torneio de Páscoa de Berlim, considerado um dos mais importantes da época.. Basta dizer, que afora o Cruzeiro, apenas um clube estrangeiro conseguiu tira-los dos alemães. Este clube foi justamente o Real Madrid.
Ao londo dos seus 103 anos de glórias e muita tradição, a equipe principal de futebol do Cruzeiro entrou em campo em mais de 2500 jogos. Destes, 87 são internacionais e 62 são interestaduais. O futebol do Cruzeiro já enfrentou clubes de 22 países: Argentina, Uruguai, Paraguai, Colômbia, Costa Rica, Guatemala, El Salvador, Estados Unidos, Espanha, Itália, Alemanha, Israel, Turquia, Dinamarca, França, Suíça, Bulgária, Áustria, Iugoslávia, Bélgica, Suécia e Tchecoslováquia. No futebol brasileiro, o estrelado gaúcho tem 62 jogos interestaduais, sendo 38 contra equipes de Santa Catarina, nove contra paranaenses, oito contra cariocas e sete contra paulistas, tendo jogado em cidades como Santos, Curitiba, Florianópolis, Cianorte-PR, Cambará-PR, Cornélio Procópio-PR, Criciúma-SC, Joinville-SC, Itajaí-SC, Blumenau-SC, Brusque-SC, Lages-SC, Ibirama-SC, Rio do Sul-SC, Curitibanos-SC, São Joaquim-SC e Videira-SC. Dos 62 jogos interestaduais, 20 foram realizados no Rio Grande do Sul e 42 fora do RS, sendo 33 em Santa Catarina, oito no Paraná e um em Santos-SP. Dos 87 jogos internacionais, 78 foram disputados em 21 países e nove no Rio Grande do Sul.
O time alvi-azul brilhou também na Argentina, em 1961, quando após exitosa campanha trazia para o Brasil o título de Campeão do 1° Torneio Internacional de Páscoa de Mar Del Plata. Em 1968, o Cruzeiro chegou em terceiro lugar no Campeonato Gaúcho e disputou a sua primeira competição nacional, o Torneio Centro-Oeste. Em 1970, o Cruzeiro conquistou a Copa Governador do Estado, derrotando clubes tradicionais do RS, como Novo Hamburgo, Caxias e São José.
Mas, as glórias do chamado Clube dos 18 não se limitaram apenas ao futebol, já que o Cruzeiro despontou durante décadas como a maior força do atletismo gaúcho, além de se destacar sobremaneira na prática do voleibol e principalmente do basquete, onde despontou como o maior clube do Rio Grande do Sul, alcançando, inclusive o título de hexacampeão gaúcho. No basquete, o Cruzeiro foi o primeiro clube gaúcho a disputar a Taça Brasil da modalidade, tendo disputado em quatro oportunidades o campeonato nacional da modalidade.
Ainda na área do futebol, que tanto lhe deve e ao qual muito contribuiu ao longo de sua existência, o Cruzeiro,que havia conquistado os títulos da cidade de 1918 e 1921 e de campeão estadual em 1929, com um time formado na quase totalidade por alunos universitários e estudantes da Escola Militar de Porto Alegre, sagrou-se também o grande Campeão da Taça Farroupilha, certame realizado para assinalar o centenário da Revolução Farroupilha. Em 1955, mostrando a sua tradição na formação de grandes jogadores, foi Campeão Gaúcho juvenil.
Em 2007, o Cruzeiro iniciou um novo projeto no futebol, com a valorização das categorias de base. Já no primeiro ano, o time chegou às semifinais do Estadual de Juniores, sendo Vice-Campeão Gaúcho desta mesma categoria no ano seguinte. Com a mesma base de jogadores, o Cruzeiro conquistou o título de Campeão Gaúcho da Série B em 2010, garantindo o seu retorno à elite do futebol estadual. Ao todo, o Cruzeiro soma 18 títulos somente na categoria principal do futebol, entre conquistais citadinas, metropolitanas, estaduais e internacionais.
Em 2011 começou a construção do seu novo estádio, na Avenida Ary Rosa, Santos, no bairro Granja Esperança, em Cachoeirinha, com capacidade para 16 mil torcedores. 
Campeão Gaúcho em 1929
Campeão Gaúcho da Série B em 2010
Campeão Copa Walmir Louruz 2015
Campeão da Copa Taça Governador do Estado em 1970
Campeão Gaúcho Juvenil em 1955
Vice-Campeão da Supercopa Gaúcha 2015 
Campeão do Torneio da Páscoa de Berlim, na Alemanha, em 1960 (primeiro título intercontinental do futebol gaúcho)
Campeão do Torneio Internacional de Mar del Plata, na Argentina, em 1961 
Campeão da Taça Cidade de Gravataí 250 Anos, em 2013  
Campeão Citadino de Porto Alegre em 1918, 1921 e 1929
Vice-Campeão de Porto Alegre em 1924, 1934, 1942, 1945 e 1947 
Campeão da Taça Cidade de Porto Alegre: 1943 e 1947 (Torneio envolvendo Grêmio, Inter e Cruzeiro em turno e returno) 
Campeão do Campeonato Extra de Porto Alegre em 1943
Campeão do Torneio Torneio Início de Porto Alegre em 1925, 1943, 1951 e 1962
Vice-Campeão Gaúcho de Juniores (Sub-20) em 2008
Bicampeão Gaúcho de futsal em 1958 e 1959
Campeão Gaúcho da Série Prata de Futsal em 2011 (Cruzeiro/Afusca)
Campeão Gaúcho de Basquete 12 vezes (adulto masculino): 1945, 1948, 1949, 1950, 1951, 1952, 1953, 1956, 1968, 1970, 1972 e 1973
Bicampeão Gaúcho de Vôlei (adulto masculino) em 1971 e 1972
Campeão da Copa Gaúcho de Futebol Sete em 2011. Vice-Campeão Metropolitano de F7 2013
Campeão da Taça Cidade de Pelotas 200 Anos de Futebol Feminino em 2012
 PIONEIRISMOS CRUZEIRISTAS
Primeiro Clube Gaúcho a jogar na Europa
Primeiro Clube Gaúcho a jogar na Ásia
Primeiro Clube Gaúcho a conquistar título Intercontinental
Primeiro Clube Gaúcho a ter categorias de base, em 1917
Primeiro Clube Brasileiro a jogar em Isarael 
Clube Fundador da Federação Gaúcha de Futebol em 1918
Clube fundador das federações de Basquetebol, Voleibol e Futebol de Salão
Primeiro Clube Gaúcho a vencer o Internacional em jogo oficial no Beira-Rio. Dia 01.05.1970, Cruzeiro 1 x 0 Inter, gol de Beto, em jogo válido pelo Campeonato Gaúcho de 1970.
Primeiro Clube Gaúcho a vencer o Grêmio na Arena. Dia 29/03/2013, Cruzeiro 2 x 1 Grêmio, gols de Jo e Reinaldo.
Primeiro clube gaúcho a disputar a Taça Brasil de Basquete em 1968.
Primeiro clube gaúcho além da dupla Gre-Nal a disputar a Copa São Paulo de Juniores, em 1973.
Primeiro clube gaúcho além da dupla Gre-Nal a ser convidado oficialmente pela CBD (atual CBF) a participar co Campeonato Brasileiro de clubes, em 1974.  

PRESIDÊNCIA DA CÂMARA FEDERAL

O Brasil todo viu uma situação que aparentemente, sob o cálculo matemático, era impossível de ocorrer: o meu Partido, o Democratas, com 29 Deputados na Câmara dos Deputados, viu um dos seus Líderes, o Deputado Rodrigo Maia, ser eleito com 285 votos no segundo turno das eleições realizadas para a Câmara de Deputados para substituição do Deputado Eduardo Cunha. Por razões óbvias que não vão ser objeto de consideração nesta hora.
Eu quero assinalar uma circunstância que me parece absolutamente relevante e, sobretudo, adequada para ser produzida na Câmara de Vereadores, onde, por longos anos, fui o Vereador único dos Democratas, até vir a contar com a colaboração do Vereador Dinho do Grêmio e do Verador Dr. Thiago.
Ocorre que o meu Partido, o Democratas, encolheu ao longo do tempo para buscar manter a coerência e, com essa coerência, ele foi homenageado, com a eleição do Deputado Rodrigo Maia,  com votos que vão do PMDB ao Partido Comunista do Brasil, numa demonstração de respeito a uma postura que sempre procurou fazer uma oposição construtiva neste País, e o fez durante todo o período em que  Partido dos Trabalhadores esteve no comando da Nação e ao mesmo tempo soube contribuir com o Governo quando assim chamado, mas fazê-lo com  integridade e com independência. Isso nos fez pequeno no número, mas nos fez forte na qualidade da nossa atuação política.
Seria falso modesto se dissesse que isso não tem sido outra senão a nossa postura na Câmara de Veradores onde, ao longo do tempo, soubemos distinguir muito bem as nossas divergências doutrinárias e partidárias quando está em jogo o interesse público, e, evidentemente, assim temos nos comportado.
Por isso, faço este registro absolutamente tranquilo e sobremaneira satisfeito em verificar que a nossa respeitável atuação na vida pública brasileira, mereceu uma verdadeira consagração.
E é para fazer esta homenagem aos pequenos, porém fortes, aos pequenos, porém consistentes, que eu fui à tribuna.

Mesmo encolhidos na nossa pequenez, recebemos uma homenagem da Nação, fazendo do Rodrigo Maia um Vice-Presidente da República. 

sexta-feira, 15 de julho de 2016

IMÓVEIS DO PATRIMÔNIO CULTURAL

Nas Sessões do Parlamento de Porto Alegre se discutem assuntos da maior relevância que, às vezes, podem até gerar alguns paradoxos. Eu, há poucos momentos, me manifestei  contrariamente à alteração da Ordem do Dia, que colocou num segundo plano um projeto de lei da nossa autoria, priorizando a votação desta matéria. Fi-lo com a mais absoluta tranquilidade, mas, já na ocasião em que me manifestava contrário, informava que eu tinha com este projeto do Vereador e ex-Presidente da nossa Casa Mauro Pinheiro um compromisso muito especial, porque é um compromisso que decorre da convicção. 
Desde o início desta Legislatura, nós começamos – nós, conjunto deste sodalício – a conviver com este problema que hoje aflora de maneira muito especial e que justifica a proposição do Ver. Mauro Pinheiro nos termos em que era colocada. Ali mesmo está:  inventário do bairro Petrópolis, três anos sem solução, até quando? 
É novinho o bairro Petrópolis. O 4º Distrito, há muito mais tempo está estrangulado por decretos assemelhados. Outros bairros de Porto Alegre assim estão. Nós temos, hoje, 4 mil imóveis listados como de interesse cultural, com os seus proprietários sem poder deles disporem livremente e, mais do que isso: sem serem efetivamente seus proprietários, na medida em que a propriedade, parece que é do Epahc. 
Quero deixar muito claro que ninguém vai colocar a minha posição perante a sociedade de Porto Alegre de forma equivocada. Eu inclusive falo com autoridade, porque que sou integrante da base do Governo, sou Vice-Líder do Governo aqui na Casa, mas há muito tempo, já tornei pública essa minha posição, e, evidentemente, vou mantê-la porque cada vez mais estou convencido de que ela é correta. Não pode prosseguir essa situação. O que propõe o Ver. Mauro Pinheiro, no projeto que democraticamente ele abriu, o qual recebeu inúmeras emendas, é que o Município utilize livremente o direito de tombar, de listar, de obstar a livre ocupação dos imóveis desta Cidade como a maior liberdade, mas que o faça dentro de um critério e que, uma vez entendendo que o imóvel tenha, efetivamente, importância como patrimônio histórico, indenize o seu proprietário na forma da lei, conforme determina a Constituição Brasileira. 
Ora, dizem que, se aprovado for este projeto de lei, o Município não terá recursos para indenizar os quatro mil proprietários que têm seu imóvel listado. Mas quem é disse que o Município tem que ficar refém dessas determinações burocráticas que há 30 anos obstam alguns imóveis da Cidade e turvam a sua disponibilidade por parte do proprietário? 
Inteligentemente, a lei dá oportunidade ao Executivo de determinar se ele quer ou não quer continuar com esse descritério, ou, pelo menos, com esse critério duvidoso. E, se assim o quiser, vai ter que arcar com as consequências. Nós não queremos isso. Queremos que o Município, criteriosamente, mantenha prédios que efetivamente merecem ser mantidos como intocáveis, como patrimônio histórico desta Cidade, que não é tão velha assim, tem 250 anos – que em termos de história não é nada –, e que não faça diferentemente do que foi feito em todos os lugares do mundo. A quase totalidade dos prédios históricos preservados na França, Espanha, Portugal, Estados Unidos, são de propriedade do governo, são de propriedade pública e não os prédios particulares que são turbados no direito de propriedade da parte dos seus legítimos proprietários. 
Por isso, serenamente, tranquilamente eu antecipei meu voto favorável ao projeto.  No conjunto, sou a favor do projeto e das emendas que eu conheço e, portanto, me coloquei nessa posição para que decidíssemos, numa oportunidade, de ser efetivamente disciplinada essa política de proteção do patrimônio histórico, com critério, com justiça, com reconhecimento do direito alheio e sem que haja os absurdos que eu aponto hoje existirem, lamentavelmente.

PRECISAMOS LEMBRAR: AS VILAS TAMBÉM SÃO PORTO ALEGRE

Em discussão na CMPA, um projeto de uma singularidade especial. É o que autoriza a desafetação das áreas com ocupação consolidada, denominada Vila Arachames, situada no bairro Espírito Santo, para posterior doação ao Departamento Municipal de Habitação – DEMHAB, para fins de regularização fundiária e que envolve uma das muitas situações assemelhadas que o Município de Porto Alegre apresenta que estão a exigir, a impor providências urgentes e consequentes nessa área. À luz da legislação vigente, essas providências não podem ser tímidas, nem tampouco despreocupadas em atender alguns regramentos sob os quais não há como se transigir, é o caso concreto. Essa área, que é uma área de razoável tamanho, envolve situações diferenciadas: áreas que eram destinadas para praça, verde público, rua, enfim, áreas que tinham as mais diversas destinações no papel, mas que, na realidade, se desviaram dessas finalidades e foram progressivamente sendo ocupadas por famílias, primeiro, de forma de clandestina; depois, de forma irregular, mas hoje de forma consolidada. 
Acho que nós estamos diante de um belíssimo exemplo de situações que precisam ser enfrentadas com inteligência e com realismo. 
Eu lembro, quando o vereador Villela, estava a frente da Prefeitura e, fez o primeiro Plano Diretor de Desenvolvimento Urbano, e várias áreas foram colocadas no mapa como áreas verdes. Muitas dessas áreas verdes, especialmente nas proximidades da Av. Ipiranga, ao longo do tempo, depois que foi feita a dragagem do riacho Dilúvio, haviam se transformado em áreas de habitação mais do que populares, de pessoas muito humildes, muito modestas que, evidentemente, não teriam condições de serem dali deslocadas sem um custo muito forte, muito alto para o Governo do Município. 
Eu lembro que, na ocasião, existia um lema do DEMHAB: remover para promover. Nós modificamos e passamos a cogitar fazer a promoção urbanizando as áreas na sua realidade efetiva. Dali saíram a Nova Santa Rosa, a Nova Brasília. Vários conjuntos habitacionais, várias áreas de Porto Alegre passaram a ser regularizadas.
Hoje são, há mais de 20 anos – tempo ainda da administração do Prefeito Villela, quando muito, do Prefeito Dib –, regularizadas. Esse mesmo conceito é agora redimensionado na Arachanes. 
Eu quero saudar e quero me comprometer com esse projeto, que está numa linha de realismo com a qual eu sou comprometido. Evidentemente, vou cuidar para que essa matéria, que iniciou a sua tramitação na Casa, tenha a mais célere das tramitações possíveis. 
Queira Deus que, ainda nesta Legislatura, se deixe, no que diz respeito à competência do Parlamento Municipal, completamente resolvida a situação e aberto o caminho para que se prossiga na démarche da providência que gerará, ao final, a regularização dessas áreas.

sexta-feira, 8 de julho de 2016

TOMBAMENTO ARMAZÉM A7

Foto: Elson Sempé Pedroso/CMPA
Vou me manifestar expressamente, sobre o projeto de lei da vereadora Sofia Cavedon, projeto de lei do legislativo Nº 134/16, que pretende tombar o imóvel conhecido como Armazém A7, localizado no Cais Mauá, passando o mesmo a integrar o Patrimônio Histórico-Cultural, Natural e Paisagístico do Município de Porto Alegre. Este projeto, por coincidência, surge na Casa num momento em que se discute, em Porto Alegre, a efetivação de determinadas medidas por parte do Executivo Municipal, as chamadas listas de bens imóveis que constituem o patrimônio histórico cultural de Porto Alegre e que, no entendimento de muitos, inclusive meu, se constituem num grande exagero que precisa ser contido. Eu acredito que o processo que hoje está andando tem o condão de atenuar profundamente essas circunstâncias, se não de  alterá-la– que é a nossa expectativa. De qualquer forma, quero dizer que a própria legislação juntada ao projeto nos impõe um raciocínio que, efetivamente, tem respaldo inclusive de posições anteriores da Casa a respeito da capacidade de iniciativa do Vereador em matéria de tombamento, na medida em que a legislação estabelece uma série de providências prévias, que são todas elas determinadas pelo Executivo, sem as quais não prospera o tombamento.
O que eu queria antecipar, é que nós teremos uma bela discussão a respeito do assunto antes mesmo de olhar o seu mérito. Por incrível que pareça, se eu tenho alguma restrição à forma de encaminhamento, no principal, no mérito eu até digo: “Olha, andando por aí, qualquer  arquiteto vendo uma casinha em Petrópolis diz que aquilo lá é um patrimônio histórico, sem a menor justificativa”. Então por que não estabelecer nos bens que são do patrimônio público do Município, do Estado, da União essa preservação?
No mérito, acho que a vereadora Sofia não se equivoca em colocar o Armazém C-7 no rol. Eu discutiria, e vamos discutir, certamente, porque o projeto começa e tira. A operação proposta não esbarra em impeditivo de ordem legal, que não foi sequer levantada pelo Procurador da Câmara de Vereadores. Essa circunstância aumenta a discussão que certamente esse projeto vai merecer. Esse projeto, chega, primeiramente, na Comissão de Justiça, e lá tem que ter uma análise à luz da legislação. Eu me lembro de vários precedentes, e eu fui, por longos anos, integrante da Comissão de Constituição e Justiça, não obstante, como seu presidente, sei de vários processos que tramitaram e que lá foram entendidos como inconstitucionais e ilegais, por não satisfazerem exigências estabelecidas na legislação pertinente, especialmente na legislação juntada, que é a Lei Complementar nº 275, que regula a matéria. Por isso, como sempre faço, procuro sempre, nesse primeiro momento da discussão preliminar de pauta, me manifestar, estou fazendo esta colocação prévia, sem nenhum preconceito e, sobretudo, dentro de uma postura ética de avisar que irei me debruçar sobre a matéria, discuti-la e, se for o caso, alterá-la, aprová-la ou batalhar pela sua rejeição.

ÁREA ESPECIAL DE INTERESSE INSTITUCIONAL

Foto: Matheus Piccini/CMPA
O projeto de lei proposto pelo Ver. Márcio Bins Ely, que cria e declara como Área Especial de Interesse Institucional a Subunidade 14 da Unidade de Estruturação Urbana – UEU – 52 da Macrozona – MZ – 01, constituída pelo terreno localizado na Avenida Praia de Belas, 560, ocupado pela Grande Loja do Rio Grande do Sul, define-lhe regime urbanístico e subtrai essa área da Subunidade 12 da UEU 52 da MZ 01. Com Emendas nºs 01 e 02 ao Projeto. Com Substitutivo nº 01. Com Emendas nºs 01, 02 e 03 ao Substitutivo nº 01, precisa ser entendido em toda a sua extensão. A iniciativa primeira de contemplar a Maçonaria com uma definição urbanística assemelhada a templos religiosos e a outros segmentos me parece ajustada, até dentro da projeção natural que todos nós temos que fazer para ampliar o máximo possível não só a liberdade religiosa, como também o livre pensamento, a liberdade filosófica, etc, e prestigiar as entidades que a isso representam. Se mais não fosse, a emenda do vereador Idenir Cecchim introduz instituições extremamente meritórias e significativas da Zona Norte de Porto Alegre, entre as quais o Clube Comercial Sarandi, que é um marco histórico daquela área. Existe também o Lindóia Tênis Clube na região, mas, lá no Sarandi, o Clube Comercial Sarandi é que deu o marco, o referencial, etc.
Então, eu que já tinha simpatia pela proposta do vereador Márcio Bins Ely, com a emenda, que não se restringe tão somente no Clube Comercial Sarandi, que fala lá na nossa paróquia, na Nossa Senhora do Trabalho, onde estivemos no último dia 1º de março, na nossa querida Sociedade Libanesa de Porto Alegre. Enfim, essa universalização do processo dá essa condição especial de justificar claramente o nosso mais amplo apoio a este Legislativo. Por isso, quero acentuar – porque necessário – que essa concordância não é mera simpatia emocional com o projeto que chega a essa condição na hora da sua definição, é mais do que isso. Eu entendo que o desenvolvimento urbano e a organização do processo urbanístico de Porto Alegre tem que necessariamente ser ciclicamente objeto de uma reanálise e da consagração de novas realidades. É exatamente o que ocorre no momento em que estamos reconhecendo como Área de Interesse Institucional várias instituições, a começar pela Maçonaria, mas passando pelo Clube Comercial do Sarandi, mais adiante, com a Sociedade Libanesa, com a Paróquia Nossa Senhora do Trabalho, na universalização do processo.
Então, eu quero deixar muito claro, que essa visão do projeto se assemelha muito àquela visão, quando era Prefeito de Porto Alegre, Guilherme Socias Villela – grande ex- Prefeito da nossa Cidade, que resolveu, inteligentemente, fazer o que hoje as pessoas têm dificuldade de fazer: conseguiu preservar inúmeros prédios de interesse histórico na Cidade sem gastar um centavo do Município, só com a inteligência. A inteligência e a criatividade têm de ser  colocadas sempre à disposição do andar do cotidiano, do andar da sociedade, do olhar da vida em comum de todos nós. E é nesse particular, que me filio, como sempre faço, dando o meu integral apoio à proposta do Ver. Márcio Bins Ely, que se consolidou, foi sacramentado e, sobretudo, engrandecido com a emenda proposta pelo vereador Idenir Cecchin.