Vejo, observo e assisto nesta Sessão de hoje a vários pronunciamentos indignados
sobre determinados aspectos, muito bem apresentados nesta tribuna, que
caracterizam o presente momento deste País. Ouvi, inclusive, as meninas que aqui
estiveram antes, a Gabrielly e a Júlia, manifestarem parte dessa
indignação, dizendo do seu lamento por poucos recursos para a Segurança, de
situações em que as pessoas têm dificuldades de pagar suas próprias contas,
enquanto o País vai - segundo o pronunciamento da Presidente Dilma Rousseff -,
muito bem, obrigado.
Aliás,
Ver. Bernardino, eu me lembro hoje de um pronunciamento do ex-Presidente Luiz
Inácio Lula da Silva, feito há pouco mais de um ano, em que ele, arrogantemente,
afirmava que este País não seria contaminado pela crise internacional e que todo
esse tsunami que tomou conta do mundo
aqui não passaria de uma breve marolinha. Grande marola foi o seu
pronunciamento! Marolinha era a forma como ele entendia que o País iria se
enquadrar dentro desse processo econômico-financeiro. Hoje, a Nação estarrecida
vê determinadas situações jamais pensáveis diante do pronunciamento do
ex-Presidente da República. Hoje, a Nação é informada que, somente no mês de
agosto, as empresas multinacionais transferiram para o Exterior a título de
lucros e dividendos - só no mês de agosto - 5 bilhões de reais. Isso é a maior
remessa já verificada em um mês em toda a história deste País, desde que a mesma
tem acompanhamento oficial, isto é, desde 1947. Dizem mais as notícias: este
ano, até agosto, por conseguinte, oito meses, dois terços do ano, já se atingia,
Ver. Manfro, 26 bilhões e 900 milhões de dólares transferidos para o Exterior na
remessa
de lucros e dividendos. Isso em um País que não tem 8 bilhões de reais para
enfrentar a regulamentação da Emenda nº 29, Ver. João Dib. Então, eu ouço a
indignação das meninas, por exemplo, lamentando que os recursos são escassos
para satisfazer as mínimas coisas, que os Deputados ganham demais e, ao mesmo
tempo, um silêncio absoluto a respeito desses fatos. O cálculo, a estimativa é
que essa remessa chegue ao final do ano em 50 bilhões de dólares, o que vale
dizer, ao dólar de hoje, serão aproximadamente R$ 100 bilhões. Isso em um País
que jamais teria que se preocupar com os acontecimentos internacionais; isso em
um País que continua a festejar o ingresso de capital especulativo; que vão à
bolsa e que daqui fogem no primeiro momento em que as condições lhes são
favoráveis. Agora, momento mais favorável do que esse não poderia ocorrer: lucro
extraordinário, lucro em um mês de cerca de 20%, o que, em termos de bilhões de
dólares, representa uma sangria muito forte na economia nacional. Então, a
indignação que a Casa verifica, a constatação da inanição, corte no Orçamento,
redução de recursos para a Educação, redução de recursos para a Saúde, para a
Segurança Pública; obras inacabadas; frustração em cima de frustração; o rolo em
cima do metrô, que ora se diz que vem e ora se diz que não! Tudo isso, Ver.
Tarcísio, custa à Nação. Agora, não podem as pessoas vir à tribuna desta Casa
e esquecerem esse fato. Diz o meu
querido amigo e futuro Deputado Oliboni que o Governo do Estado do Rio Grande do
Sul vai pagar metade dos juros de um empréstimo que o Banco do Rio Grande do Sul
vai conceder aos hospitais filantrópicos, com juros de 10.5% ao ano. Vale dizer
que o Governo vai contribuir com 25% de 150 milhões para ajudar dezenas de
hospitais filantrópicos que estão à beira da falência, quase que na insolvência,
em vias de fechamento. E, nesse meio tempo, continua a farra nacional, os
discursos na ONU e a sangria na
nossa economia com a retirada progressiva, ano após ano, mês após mês, dia após
dia, de valores substanciais, carreados da mais alta taxa incidente sobre a
economia brasileira em termos de tributação e que obviamente é um Brasil bem
diferente daquele que é decantado em prosa e verso nos grandes pretórios
internacionais, onde se acha que o Brasil vai muito bem e à vontade; à vontade
dos grandes, à vontade dos fortes, à vontade daqueles que estão de donos do
Poder e que fazem toda essa ladainha em cima da Bolsa Família e da sangria da
classe média brasileira altamente prejudicada em todo esse processo.