|
Foto: Leonardo Contursi / CMPA |
Fui surpreendido pelo pronunciamento do Ver. Kevin Krieger, lembrandos dos prefeitos Villela e Dib, pronunciamento este, que me tocou profundamente. Eu cheguei um pouco mais tarde, aqui na Casa, porque participei de um almoço que deve ter 500 anos de existência, porque participaram umas 40 pessoas que remanescem de uma época em que eu era o mais jovem dos integrantes da equipe do Prefeito Villela. E, quando falam que a data de 09 de abril, é importante, eu acho que o mais importante de tudo, no meu entendimento, é o dia 11 de abril, quando, pela primeira vez, eu assumi a Direção do
|
Foto: Francielle Caetano / CMPA |
Departamento Municipal de Habitação, em Porto Alegre, o que mudou a minha vida por inteiro. Eu, que era um teórico, não sabia que casa, Vereadora, tinha pé alto, pé baixo. Eu não sabia nada disso! Eu era um advogado trabalhista que conhecia a Consolidação das Leis do Trabalho, conhecia a Constituição brasileira, no que dava para conhecer, o Ato Adicional, que vigorou por muito tempo aqui no País, e nada mais.
Então, fiquei muito feliz em ouvir a manifestação do Vereador Kevin Krieger, porque acho que o Prefeito Villela tem que ser entendido, inclusive, na circunstância da época.
|
Foto: Elson Sempé Pedroso / CMPA |
E, na época, ele foi um Prefeito notável, sob todos os aspectos, inclusive quanto à sua postura como Prefeito da Cidade. Eu sou testemunha de alguns acontecimentos que, em meu entendimento, são tão ou mais importantes do que construir a Restinga, o Brique da Redenção, os corredores de transporte, o Parque Marinha do Brasil, o Parque da Harmonia e tudo mais que, nos sete anos do Villela, foi construído.
Eu estava no seu gabinete em uma ocasião em que a Câmara de Porto Alegre – eu me emociono lembrando isso! – produzia um ato histórico. Ela restabelecia o mandato popular do Glênio Peres e Marcos Klassmann. O Prefeito Villela, naquela ocasião, recebeu um telefonema de uma autoridade – não revelo qual –, dizendo que tinha recebido a incumbência de transferir a ele uma mensagem, e usava o jargão da época, que vinha de Brasília, segundo o qual ele teria que mover uma ação contra a decisão da Câmara. O Prefeito pensou um pouco e respondeu da seguinte forma: “Vou tomar duas iniciativas: primeiro, iniciar essa ação; segundo, devolver o mandato, porque não tenho mais condições de dirigir o Município de Porto Alegre”. E o assunto acabou, porque ninguém queria que ele saísse. Foi o golpe do
|
Foto: Vicente Carcuchinski / CMPA |
“João sem braço”, como a gente costuma dizer. O Villela é uma figura que hoje os Vereadores dificilmente conseguem entender. Ele é meio casmurro, em grande parte, é quieto, fica a tarde inteira ouvindo, parece até que ele está desligado do assunto, mas não está. Acho que não é bem o campo dele aqui. Aliás, quando começo a lembrar esse tempo, eu me lembro de que eu fui de tudo um pouco no período do Villela: fui diretor do DEMHAB, fui Secretário Municipal da Produção, Indústria e Comércio; fui seu líder na Câmara de Vereadores por longos anos, com minoria. E, respeitando a maioria, nós discutíamos o projeto sem cooptação; e, com conversação positiva, com diálogo sincero, aprovamos todos os projetos, sem exceção, porque os Vereadores da época tinham muito espírito público, como, de resto, têm nos dias de hoje.
Em me lembro da Vereadora Jussara Cony, porque, além de tudo isso, eu fui, por 75 dias, Secretário de Transporte. E, nesses 75 dias, eu a conheci. A Vereadora Jussara tinha sido eleita pela primeira vez, pelo PMDB, e me convocava para eu explicar o aumento da tarifa o ônibus já naquela ocasião. Eu tive tanta sorte, Vereadores, que eu tinha concedido um aumento que era recorde na Cidade na ocasião, a inflação era enorme, eu tinha dado um aumento de 30% para a tarifa de ônibus. Imaginem! Hoje, 30%, invadem aqui o Conlutas e os demais. Mas 15 dias se passaram e, no 16º, eu fui atender à convocação da Vereadora na Câmara de Vereadores. Para lá eu levei algumas informações, inclusive algumas fotografias da cidade de São Paulo, que, nesses 15 dias, tinha ficado em chamas, porque o novo Prefeito da cidade, que era o Mário Covas, não tinha dado aumento para a tarifa. Aí houve um locaute, queimaram os ônibus, foi uma bagunça geral na cidade de São Paulo, um transtorno enorme. Isso me permitiu que eu lhe desse uma explicação lógica, que eu quis evitar esse fato, e a senhora compreendeu que o momento que estávamos vivendo era muito especial. Só cito isso porque eu convivo com a Vereadora Jussara de longo tempo, e foi lembrada a sua militância no Partido Comunista do Brasil. Nós temos discutido, muitas vezes, com muita dureza de ambos os lados, mas sem perder o respeito mútuo, e, num momento em que estou salvando os anos de ouro do Município de Porto Alegre, sob o comando do Prefeito Guilherme Socias Villela, eu também quero homenagear suas oposições, que, num momento muito difícil para a história desta Cidade, deste Estado e deste País, momento chamado “anos de chumbo” da ditadura, da reorganização nacional – deem o apelido que quiserem –, Legislativo e Executivo não deixaram de aproveitar aquele momento e produziram a construção de grande parte da Cidade em que hoje nós vivemos. E, para isso, uma bancada de Vereadores minoritários trabalhou muito, o Dib fazia a parte dela, e para isso contribuíram também homens equilibrados, como José Aloisio Filho, Cesar de Mesquita, Pessoa de Brum, radicais como Glênio Peres e Marcos Klassmann, que tinham uma radicalidade limitada no interesse público e que geraram todo aquele contexto positivo que marcou os anos do Villela na Prefeitura. Obrigado, Vereador Kevin, por ter lembrado, e obrigado à Vereadora Jussara Cony que, em certa medida, foi uma das partícipes daquele momento. Muito obrigado.