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| Foto: Leonardo Contursi/CMPA |
É muito importante que se assinale, que normalmente a Câmara
de Vereadores, o processo legislativo, e mais do que o processo legislativo, o
Parlamento Municipal é questionado sobre várias propostas que aqui tramitam que
não tem o suporte técnico e, como tal, não poderiam prosperar. Isso, tem
ensejado com muita frequência a judicialização de alguns processos, cujo
resultado desfavorável a este Parlamento é com muita frequência festejado como
sendo um grande feito, na medida em que favorece algum segmento aqui da Casa.
Nós estamos aqui, diante de um projeto de autoria do eminente Ver. Marcelo
Sgarbossa, que estende a atuação dos carrinheiros até 2022. A proposta ainda
não chegou ao plenário, pois precisa passar pela Procuradoria da Casa e pela
análise das comissões permanentes. Pela legislação atual, o prazo para
circulação dos carrinhos na Capital terminou na sexta-feira, 10 de março. Essa
matéria tem sido sistemática aqui na Casa. Acho que eu estou tendo não uma
decepção, porque eu não sou homem de me consolar com as contrariedades das minhas
convicções, mas eu estou vivendo uma certa tortura de ver o tipo de trabalho
que aqui está florescendo cada vez com mais intensidade, um jogo, pura e
simplesmente, para atender aqueles reclamos que chegam até aqui o Legislativo,
em termos de pressão. O Vereador Nedel denunciou, da tribuna, que chega a ter
casos de mobilização contratada para trabalhar na Internet, nesse segmento. À
primeira vista, esse projeto é de uma simplicidade absoluta, nós temos de
decidir a conveniência ou a inconveniência de se dilatar mais esse prazo. De
certa maneira, nós estamos até questionando o projeto em si. Esse projeto, que
pretende modificar em parte, com a extensão pretendida, data de 2008 e que se
constitui para ser implementado em oito anos. Agora se pretende a ampliação
para o ano de 2020. Então, esses projetos para serem realizados em longo prazo,
no mais das vezes, servem para estimular a expectativa dos segmentos sociais
que dele se beneficiam ou estimular as contrariedades que eles possam gerar. E,
naturalmente, nós, que temos aqui, na Casa, uma posição muito clara: quando
somos do Governo, somos do Governo, quando não somos do Governo, não somos do
Governo, podendo inclusive ser independente, como nós somos, temos,
confessadamente, simpatia com as regras maiores proclamadas pelo Governo
Municipal. E, às vezes, até ficamos um pouco estupefatos em ver que se consagra
aqui, na Casa, algumas posturas absolutamente contrárias ao discurso macro do
Governo Municipal. Nós, que temos essa posição, queremos muito, mas muito objetivamente,
dizer que não vamos compactuar com esse jogo de posar para fotografia de grande
protetor dos fracos e dos oprimidos. Inclusive, está comprovado, que ninguém é
forte e ninguém é fraco suficientemente nesta Casa para não se dobrar para determinadas
situações. Eu quero anunciar um posicionamento pessoal, não contem com o meu
voto favorável a esses projetos que têm um único objetivo: aumentar a
fotografia desses falsos protetores dos fracos e dos oprimidos. Eu não quero,
de modo nenhum, dizer que – porque não seria politicamente certo, eu vejo, e aí
eu vou cometer a impropriedade de falar algo que não é politicamente certo –
não vejo com entusiasmo perpetuar esse quadro que a gente verifica nas ruas de
Porto Alegre. Com a tração humana realizada, com os problemas que aí se
resolve. Há pouco tempo, esta Casa vetou o Código Municipal de Limpeza Urbana,
era perfeito, até cigarrinho atirado na rua seria penalizado. E o que eu vejo,
diariamente, no Centro de Porto Alegre, nos bairros mais populosos, lixo na
rua, porque numa atuação de famosos carrinheiros se metem dentro do lugar onde
deveria ser colocado o lixo selecionado, que já é mal colocado, o que é um
erro. E aí, com um novo erro, retiram aquilo e jogam na rua, que é um segundo erro.
Esta Casa está cansada de ouvir que dois erros não fazem um acerto. Então, aqui,
no primeiro momento, esse é um projeto que, apesar da aparente simplicidade, eu
acho que tem que ser muito bem discutido nesta Casa. Inclusive, olhando os
aspectos técnicos, ouvindo os técnicos do Município, que na última hora,
normalmente aqui aparecem dizendo: “Não, retirem esse projeto que a gente manda
um dizendo a mesma coisa, desde que seja feito por nós”. Sinceramente, quero
iniciar uma cruzada no dia de hoje, tentando revigorar a capacidade de o
Parlamentar citadino legislar na sua cidade, sem que tenha que pedir permissão
para os técnicos de qualquer ordem por mais qualificados que eles sejam.

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