Sr. Presidente, Sras. Vereadoras e Srs. Vereadores, obviamente, o discurso empolgado do Vereador e ex-Presidente da Casa está a soar nos ouvidos de todos nós. O Ver. Sebastião Melo, com toda a propriedade, enfoca um drama que é comum neste País: existem leis, boas leis, excelentes leis, cujas aplicações são postergadas, relegadas, quando não absolutamente desconsideradas. O Ver. Airto Ferronato, que é um Parlamentar diligente e experimentado, sabe muito bem do que eu estou falando. Tanto isso é verdade que o Dr. Dib há 20 anos sustenta que nós temos leis demais, que o que falta é o cumprimento da lei, a aplicação das leis.
Hoje mesmo, estávamos participando com a Ver.ª
Maria Celeste de um programa de rádio, e a condutora do programa nos inquiriu
sobre a aplicação de uma lei, nos cobrando. Eu desconhecia essa lei. Fomos ver,
Ver. Elói, e essa lei nada mais é do que um artigo do nosso Código de Posturas
Municipais, que tem uma série de regramentos totalmente esquecidos no
cotidiano, como esquecidas são por esse Brasil afora uma série de regras.
Então, numa homenagem que eu faço ao Ver. Sebastião Melo, quero dizer
que fui um dos estimulares da lei a que ele se refere, até porque, Ver.
Todeschini, sempre fui um homem de diálogo. E, quando o seu Partido era
Governo, várias vezes eu chancelei algumas alterações legais destinadas a fazer
topicamente consertos em situações de irregularidade que eram possíveis de
serem regularizadas em determinadas condições. Na ocasião, inclusive, às vezes
diziam que eu era linha auxiliar do Partido dos Trabalhadores. Pouco me
importava essa opinião maliciosa das pessoas, porque eu tenho absoluta certeza
de que cada um cumpre o seu mandato estabelecendo as regras que os seus
princípios políticos e doutrinários estão estabelecendo. Quando eu digo que eu
sou um liberal não é só um discurso: é uma postura. Aliás, o meu grande líder,
Marco Maciel, dizia que ser liberal é mais do que uma doutrina: é uma postura,
é um comportamento de vida, porque é um entendimento a respeito das coisas como
acontecem.
Eu falava há pouco com o Ver. Bernardino Vendruscolo, antes de vir a
esta tribuna, e, em cima do que o Ver. Sebastião Melo estava referindo, que a
lei é boa, mas que não é cumprida, eu digo o seguinte, Ver. Elói Guimarães:
aqui, em nível municipal, cabe a nós fazermos; em nível estadual, cabe aos
Deputados; em nível federal, aos Senadores e Deputados Federais. Mas nós, aqui
no Município, temos que literalmente fustigar o Executivo com leis bem
formuladas, bem preparadas, aprová-las e, mais do que isso, Ver. Ferronato,
exigir o seu cumprimento de forma afirmativa, quando não impositiva.
O Ver. Elói, que tenho o privilégio de conhecer até antes de sermos
Vereadores e colegas, porque, colegas advogados que éramos, discutíamos nos
pretórios algumas situações, sabe muito bem que eu sustento essa posição de
longa data.
Não adianta a gente ficar vociferando contra coisas que acontecem no
País – hoje, há uma certa estupefação com a quantidade de escândalos que
existem na Nação – e cobrando dos Legislativos comportamentos éticos, cobrando
dos homens públicos que, pelo exemplo, procurem modificar essa situação, quando
o principal não é feito.
Eu digo até, Ver. Carlos Todeschini – a V. Exa., que me honra com sua
atenção –, que há coisas, Ver. Idenir Cecchim, que não são culpa do PTB e do
PMDB, que hoje dividem o Governo Federal; há coisas que estão entronizadas na
vida pública brasileira. E uma delas é a pior de todas: é o nosso sistema de
governo presidencialista, que é o mais perverso presidencialismo de todo o
mundo, onde o Executivo tudo pode, e o Legislativo luta pelas coisas e, no mais
das vezes, se transforma em mero homologador da vontade do Executivo,
chancelando, através dos seus votos, as decisões do Executivo.
Eu gostaria até de falar sobre isso em outra época, numa época em que eu
fosse Governo e pudesse falar com mais liberdade e sem correr o risco de ser
mal-entendido, como um oposicionista irresponsável, que estaria apontando a
arma giratória para tudo e para todos. Não é o caso. Até procuro esquecer as
dificuldades claras do Governo do Estado, do Governador Tarso Genro, apontadas
aí até com choques com o Poder Judiciário e com muito mais da Dona Dilma, nossa
Presidente, num País onde, lamentavelmente, a enfermidade tem tomado conta das
mulheres e dos homens do nosso Governo – o último agora a ser acometido, junto
com o ex-Presidente Lula, foi o nosso amigo, ex-Vereador desta Casa, nosso
querido Jorge Alberto Portanova Mendes Ribeiro Filho, a quem eu auguro de
coração que supere essa nova etapa da sua enfermidade.
Mas,
diante de tudo isso, meu querido amigo e Presidente desta Sessão,
DJ Cassiá – refiro-me especialmente a Vossa Excelência –, nós temos regras
claramente especificadas nesta Casa, especialmente no que dizem respeito à
demanda habitacional prioritária, à necessidade de regularizarmos dezenas de
vilas irregulares que a Cidade conhece. A nossa Restinga, a sua Restinga, a
minha Restinga, a Restinga de todos nós, infelizmente, é um dos exemplos nos
dias de hoje: em torno da Restinga convencional há duas Restingas não
convencionais. Nesse contexto, Ver. Bernardino, já fizemos belíssimas leis aqui
na Cidade, que não são cumpridas. Quero dizer claramente que, a partir de hoje,
assumo um compromisso com a Casa e com a cidade de Porto Alegre: vamos iniciar
uma cruzada para que as boas Leis sejam aprovadas nesta Casa – e a sua é uma
delas – e vamos, depois, pelear para que elas sejam efetivamente respeitadas e
executadas.
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