A coincidência de nós dispormos do Grande Expediente com o
grande pleito nacional que foi celebrado
neste País nos impõem, naturalmente, a uma manifestação nesse sentido.
Desde
logo eu quero cumprimentar os vitoriosos, vários são os vitoriosos, desde os componentes
das bancadas do Partido do Movimento Democrático Brasileiro, do Partido
Socialista Brasileiro, do Partido Popular Socialista, que, desde o primeiro
turno, deflagraram a bandeira de José Ivo Sartori, até aqueles outros partidos
que a eles se somaram no projeto da mudança que acabou sendo consolidado nas
urnas de forma majoritária, muito expressiva.
Por igual e por outras razões,
congratulo-me com o Partido dos Trabalhadores e com os seus aliados gaúchos ou
nacionais, PMDB nacional e o PTB local, pela vitória da sua candidata à
Presidência da República. Nós, do Democratas, neste dia e nesta hora, ainda que
eventualmente frustrados por não termos consumado a mudança que perseguimos com
obstinação no apoio à candidatura de Aécio Neves, fizemos o registro de que
neste dia nos cabe até mesmo parafrasear o Governador eleito José Ivo Sartori,
que declarava que o partido dele é o Rio Grande. Em verdade nós, Democratas,
podemos dizer, num plágio confessado, que o nosso partido é o Brasil e em que
pesem os temores e o ceticismo que nos envolve, razão maior da nossa obstinação
na campanha eleitoral, nós desejamos que, ao final e ao cabo, possa a Sra.
Presidente da República realizar, no comando da Nação, os projetos anunciados
durante o período pré-eleitoral e até mesmo o Brasil, decantado em prosa e
verso nesses programas, o qual, honestamente, nós desconhecemos por não vê-lo
na realidade do quotidiano.
Um pronunciamento nosso nesta hora pode, com toda a razão,
ser entendido como um esperneio de perdedor, coisa que nós somos confessos, em
que pese nós nos solidarizarmos e integrarmos, modestamente, o conjunto de
forças que transformou José Ivo Sartori no Governador eleito do Rio Grande, no
nosso empenho, desde a primeira hora, muito mais forte, muito mais firme, era
em prol da candidatura de Aécio Neves para Presidente da República.
Não
logramos êxito, em que pese termos amealhado considerável parcela de votos dos
brasileiros, muito diverso daqueles que foram preconizados, há pouco tempo, e
até mesmo na véspera da eleição pelos famosos institutos de pesquisa. Apesar de
tudo isso, não logramos êxito e isso estamos registrando com a maior firmeza e
segurança.
É claro, que as urnas nos revelam algumas verdades. Primeiro, que o
Rio Grande altaneiro, numa demonstração inquestionável da vocação de
independência que os gaúchos proclamam, viam neste pleito eleitoral, pelo
menos, duas grandes manifestações dessa sua independência: nas posturas do PMDB
gaúcho e do PT gaúcho de, independente da orientação nacional do seu Partido,
firmar posição pela mudança, um hino de louvor à melhor tradição da política do
Rio Grande. ós, que estivemos com Aécio desde o primeiro momento, somos
eternamente reconhecidos a essa postura tão correta da parte dessas duas
grandes agremiações partidárias do Estado.
Aos nossos companheiros Tucanos, aos
companheiros do Solidariedade, àqueles companheiros que acompanharam a decisão
nacional do PTB e estiveram conosco durante todo tempo, queremos também
apresentar a nossa solidariedade e o nosso abraço entusiasmado, como de resto,
ao Partido Socialista Brasileiro, através da sua grande liderança consolidada
neste pleito, do Deputado Beto Albuquerque, as mais respeitosas homenagens de
parte dos Democratas. Por fim, os pleitos muitas vezes escondem, algumas
realidades, que se não são uma mentira eleitoral, são uma mentira da própria
democracia. Temos hoje, comprovados, que mais de 60% dos brasileiros com
condições eleitorais, não queriam e não apoiavam a reeleição da Presidenta
Dilma Rousseff. Muitos deles erraram na alternativa, lavaram as mãos como
Pilates, não comparecendo às urnas em número de 21%; anularam os seus votos,
possivelmente, votaram em branco. Isso é uma característica de um processo
democrático que consolida a maioria dos presentes, a maioria dos atuantes e que
despreza, por inteiro, a omissão dos faltosos, daqueles que não comparecem às
urnas, ou daqueles que abrem mão do seu direito de opinar e decidir. A todos
cabe algum tipo de razão; a nós cabe este registro: perdemos, como disse o nosso
candidato, fazendo um bom combate, mas não perdemos a nossa fé nos destinos
deste País, tormentosos nos dias atuais, registrando escabrosas situações que
foram evidenciadas durante o pleito, com situações que não enriquecem a
história política desta Nação.
Mas, ao final e ao cabo, decorre da vontade
democrática expressa pelas urnas. As urnas sempre falam mais alto, as urnas
sempre falam mais claro, as urnas decidiram que o PT e seus aliados continuarão
governando o Brasil: que o PMDB e seus aliados irão governar o Rio Grande nos
próximos quatro anos. A nós, nacionalmente, não cabe outra postura, senão
continuarmos firmes na nossa oposição responsável, que jamais estará contra os
interesses da Nação, mas que haverá de ser zelosa e guardiã das nossas responsabilidades
democráticas.
Hoje, a palavra resistir, faz-se mais presente do que nunca, é
preciso resistir às tentações, que levam até o esmorecimento, à vontade de
parar, de renunciar à capacidade de luta, coisa que, para alguns, entre os
quais, orgulhosamente, me incluo, é receita inaplicável. Vamos continuar
defendendo as posições que defendemos e que neste pleito foram sustentadas pelo
Aécio Neves, mas que, em verdade, decorrem da nossa disposição de vermos o
Brasil sob uma determinada ótica, muito diversa daquela que foi consagrada nas
urnas.
Os mais de 50 milhões de brasileiros que nos acompanharam são a prova de
que não estamos sós, e que a nossa vigilância há de continuar, de forma fixa,
firme e decidida, almejando aos eleitos toda a sorte de felicidade,
especialmente toda a possibilidade de poder realizar com êxito as suas
propostas, e a certeza de que, hoje, como ontem e como será no futuro, nós
estaremos firmes, não comprometendo os nossos ideais, não abdicando dos nossos
princípios, não tornando nulos os nossos compromissos com as nossas idéias e
com as nossas condições e, sobretudo, comprometidos tão somente com aquilo que
nós entendemos que seja o melhor caminho para o desenvolvimento da democracia
brasileira.
Afinal, um partido que nasceu de uma rebeldia, de uma dissidência
parlamentar, para propiciar que o País ingressasse neste estágio do processo
político em que ele se encontra, não poderia ter outra posição senão a de
agora. Ficaremos na oposição responsável, na oposição democrática, na oposição
séria, na oposição comprometida com os ideais da resistência de quem almeja
para este País uma história diferente da que hoje está sendo contada, coisa que
só poderá ser alcançada se nós persistirmos na luta, permanecermos no combate
e, sobretudo, reafirmarmos as nossas posições.
É o que eu faço hoje, em nome do
meu partido, derrotado nas urnas, mas firme nas suas convicções.
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