segunda-feira, 19 de janeiro de 2015

O PARADOXO DO TRANSPORTE COLETIVO DE PORTO ALEGRE

Impressiona a sociedade esse paradoxo, de que experiências recentes, como o transporte fluvial da travessia Porto Alegre – Guaíba, a lotação da Restinga e Belém Novo, outro exemplo, funcionem tão bem e de forma tão confortável para seus usuários.
Em contraste com o transporte coletivo por ônibus em Porto Alegre.
Isso me impõe uma repetição.
O transporte coletivo, como obrigação do Estado e do Município, tem um sistema de custeio totalmente equivocado.
A passagem de ônibus de Porto Alegre teria que ser mais cara do que é hoje. O município, com justiça e com responsabilidade faz com que ela fique retida e ao mesmo tempo autoriza que os idosos, cumprindo disposição constitucional, não paguem a passagem, os estudantes e professores paguem meia passagem, as pessoas que se deslocam usando dois trechos paguem uma única passagem, os brigadianos, fardados ou não, não paguem passagem, nossos queridos carteiros não pagam passagem, oficiais de justiça não pagam passagem, que trinta por cento da comunidade não pagam passagem. E além disso há um prêmio mensal praticamente, que aos domingos as comunidades ocupem os ônibus, destruam os ônibus no dia do passe livre.
Então o exemplo do bom sucesso da experiência do catamarã, na travessia do Guaíba e em seu novo trecho até o BarraShooping, e o sucesso espetacular da linha de lotação da Restinga e Belém Novo,
- Hosanas, o “Pujolzinho” tinha o direito de festejar, faz vinte anos que eu digo que a coisa ia dar certo, e deu certo!
As pessoas pagam bem mais e se sentem confortáveis.
Então, tem um nicho das pessoas que estão entre os usuários de transporte coletivo público, e os usuários de automóveis e motocicletas, bicicletas, enfim, tem um nicho, um grande número de pessoas que se tiverem um alternativa de transporte público, satisfatória, são capazes de pagarem mais. E o faz com satisfação.
E de outro lado há uma continuada manifestação de repúdio por parte daqueles que já começaram a sentir, que são em última instância, os grandes financiadores das boas ações dos governos. Que resolvem cumprimentar com o chapéu alheio. Isentando muitos dos pagamentos e transferindo o custo destas isenções a todos os usuários do transporte coletivo.
Então meus caros, estes fatos que saliento por serem relevantes no que diz respeito ao transporte coletivo, nos indicam mais do que nunca, a necessidade de mudar o foco da discussão sobre o transporte por ônibus em Porto Alegre.
Que já foi o melhor do Brasil. E está deixando de ser, por incrível que pareça.
Porque o governo arrocha a passagem, porque cada vez mais está tendo dificuldades de encontrar justificativas para este sistema injusto e cruel que hoje domina o transporte coletivo.
Por isso, meus caros, é preciso mudar.
Essa é mais uma daquelas situações em que eu digo:
-“Pujolzinho”, infelizmente, é pitonisa. Previu esta situação.
Agora, queira Deus, que eu erre. Mas acho que para muitos, trabalhadores, operadores do sistema e usuários, muita dor de cabeça vai ocorrer no final do mês. No desacerto, e não no acerto, das negociações salariais dos trabalhadores rodoviários. Que já disseram que querem um aumento bem superior aquele que foi propiciado a eles.
Porque num Estado em que o Governador, não reeleito, demagogicamente aumenta o salário mínimo regional em 16%, é natural que as várias categorias de trabalhadores, queiram reajustes de 10, 11 ou 12%.
E a realidade é que as empresas não tem como pagar isso, sem repassar este custo para a passagem.
E se fizer isso vem todo o descalabro das reclamações dos usuários.
Este é o paradoxo, o drama que tem que ser enfrentado com muita determinação e muita responsabilidade, e mais do que isso: muito espírito público.

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Pujol