Eu comentava com o
Vereador Cláudio Conceição, a respeito de uma preocupação que
ele, como representante da Zona Norte, vê se agigantar a todo tempo.
Dizia-me ele assim: “E esse metrô, que tanto se fala, sai ou não
sai?” E o que eu disse para ti te digo agora aqui: eu tenho dúvidas
muito sérias a respeito da possibilidade de concretizar esse sonho
de várias pessoas, de várias lideranças, dentre as quais o
Prefeito Fortunati é um dos mais entusiastas. O que o Fortunati tem
lutado por esse metrô poucas pessoas testemunharam com tanta força
como eu pude testemunhar. Ele continua lutando, mesmo com tantos
obstáculos. Quando surge uma nova dificuldade, ele está sempre
lutando sobre isso. Eu não quero que ele perca as esperanças, quero
que ele continue lutando, mas acho, Ver. Conceição, que,
independente de acreditarmos ou não no projeto do Tensurb, na melhor
das hipóteses, se esse fato viesse a se realizar, concretamente as
pessoas iriam andar nos trens daqui a uns sete anos, e, nesse tempo,
muita coisa vai acontecer.
Todos sabem que a Zona
Norte será, na medida em que se coloque o Trensurb, altamente
beneficiada, porque a linha traçada vai até a FIERGS, ou até o
triângulo da Av. Baltazar de Oliveira Garcia. Mas enquanto isso não
acontece, temos que cuidar de algumas situações. E aí é um
problema que a Casa tem que pensar de forma global. Não pode pensar
que isso é um problema do Governo Fortunati, pois este Governo daqui
a dois anos termina! Quem vai ser o próximo Governo de Porto Alegre
eu não sei! Pode ser da mesma corrente política dele, ou pode ser
de uma corrente diferente! Agora, tem que ter um planejamento de
longo prazo! O metrô é uma situação de longo prazo, na melhor das
hipóteses. Enquanto esse longo prazo não se realiza, a médio
prazo, temos que, indiscutivelmente, melhorar e organizar o
transporte coletivo de massa na cidade de Porto Alegre. E aí, Ver.
Conceição, é aquilo que eu comentava com Vossa Excelência: a
grande perda que eu registro para a Casa e para o Município, no
momento, é que nós, na busca de melhorias para o transporte
coletivo de passageiros de Porto Alegre, repito, já disse isso há
poucos dias aqui nesta tribuna: nós deixamos de nos debruçar sobre
o essencial – erro que eu acho que o Brasil todo pratica com maior
ou menor intensidade e que, em muitos lugares, está começando a
corrigir –, que é a forma de financiar o transporte coletivo. Eu
não posso imaginar que a gente eternamente vá conviver com esse
sistema, em que o próprio usuário do transporte coletivo não só
sustenta a utilização com o pagamento pelo seu transporte, como
também paga pelo transporte de vários outros que são beneficiados
por leis federais, estaduais e municipais, todas elas dentro desse
espírito brasileiro predominante – não vou dizer populista, não
vou, isso poderia ser entendido até como um gesto pouco elegante da
minha parte – de excessiva bondade, da qual a Constituição
brasileira. A Constituição brasileira previu a felicidade geral
para todo mundo; tudo vai acontecer de bom para o delegado de
polícia, para quem ganha salário mínimo, para quem não ganha
salário mínimo, está tudo escrito ali; ou o direito à saúde, à
educação, o apoio à velhice, à infância, à juventude, em todo
lugar.
A nossa Carta Maior não
disse como é que isso ia acontecer. De certa maneira, o Brasil,
repete, é a repetição tupiniquim da tentativa europeia do estado
de bem-estar social, perseguido pelos europeus durante muito tempo e
que gerou a situação que hoje nós conhecemos da Europa. Até os
remédios para esses devaneios anteriores, que são complexos e
complicados, nem sempre estão dando resultado na Espanha, em
Portugal e aí por diante, com a austeridade preconizada pela
germânica líder da Alemanha, a Angela, que preconiza uma
austeridade para os iberos, para os lusitanos e que para o alemão
não é surpresa, porque são treinados na disciplina, mas para os
latinos não é tão fácil de se absorver esse fato.
Então, quando pensamos
na Zona Norte, acabamos falando na Alemanha, porque as coisas vão se
vinculando umas com as outras e vão acontecendo. Mas, no fundo, o
que eu queria dizer, respondendo aquela sua indagação inicial, é
que no grande sonho há expectativa. Quem não sonha deixa de viver,
não tem expectativa, não tem visão de maior alcance, desejo maior
de que se realize aquilo que seria o ideal. Mas nós não podemos
ficar só no sonho, temos que trabalhar no dia a dia. Agora mesmo, a
Cidade festeja essa licitação que se abre para o transporte
coletivo. É bom isso? Será bom? São justificados esses festejos?
Ali dentro está incluída a solução do problema? Eu tenho as
minhas dúvidas. Então, estou ficando o cético desta Casa. Eu sou o
representante do ceticismo. É que, na minha idade, o sonho tem que
ser o sonho de olho aberto. Eu tenho que sonhar acordado, não posso
sonhar dormindo, porque dormindo eu não controlo o meu sonho e
acordado eu controlo o meu sonho. E isso é que eu quero fazer.
Não dá para falarmos
aqui partidariamente, nem se deve fazer, porque isso é verdade, os
nossos companheiros que são candidatos, e eu não sou candidato a
nada, não sou eu que vou criar esse tipo de conturbação aqui. Mas
o objetivo do pronunciamento, provocado e instigado pelo meu querido
colega Cláudio Conceição, foi dizer o seguinte: a Zona Norte não
é diferente da Zona Sul; temos problemas em comum. E temos que
trabalhar nesse conjunto, porque o Ver. Cleiton, lá do Espírito
Santo, tem as reivindicações específicas daquela área. O Ver.
Thiago pensa no Lami; pensa na Cidade, mas pensa no Lami de forma
preponderante. O Vereador Líder do Governo, aqui na Casa, Mario
Fraga, pensa em Belém. Eu até penso na minha Restinga – por que
não? Todos temos algum núcleo para o qual temos uma atenção mais
vinculada, mas há uma matriz geral a unir todas essas coisas, e não
tem para determinados assuntos soluções parceladas, isoladas. É
como ocorre na rede de esgotos: não adianta tu resolveres trinta
metros de esgotos, se tu não tiveres sequência, porque, senão, tu
estás transferindo problema de um lugar para outro, e não é isso o
que se quer.
O que nós não podemos
perder – e eu não perco mesmo com o meu ceticismo com relação às
coisas – é a certeza de que não basta a gente ficar lamuriando e
chorando em cima dos problemas. Alguma coisa dá para se fazer, e
isso, certamente, as urnas vão determinar agora, os novos gestores
deste País, deste Estado, os novos Parlamentares do Rio Grande do
Sul e do Brasil haverão de – com responsabilidade cívica,
respeitadas suas posturas ideológicas – realizar para o bem da
Nação e para o bem deste Estado.
E tudo isso, há de se
incrementar no ano vindouro.
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