sábado, 27 de setembro de 2014

METRÔ, URNAS E PORTO ALEGRE

Eu comentava com o Vereador Cláudio Conceição, a respeito de uma preocupação que ele, como representante da Zona Norte, vê se agigantar a todo tempo. 
Dizia-me ele assim: “E esse metrô, que tanto se fala, sai ou não sai?” E o que eu disse para ti te digo agora aqui: eu tenho dúvidas muito sérias a respeito da possibilidade de concretizar esse sonho de várias pessoas, de várias lideranças, dentre as quais o Prefeito Fortunati é um dos mais entusiastas. O que o Fortunati tem lutado por esse metrô poucas pessoas testemunharam com tanta força como eu pude testemunhar. Ele continua lutando, mesmo com tantos obstáculos. Quando surge uma nova dificuldade, ele está sempre lutando sobre isso. Eu não quero que ele perca as esperanças, quero que ele continue lutando, mas acho, Ver. Conceição, que, independente de acreditarmos ou não no projeto do Tensurb, na melhor das hipóteses, se esse fato viesse a se realizar, concretamente as pessoas iriam andar nos trens daqui a uns sete anos, e, nesse tempo, muita coisa vai acontecer.

Todos sabem que a Zona Norte será, na medida em que se coloque o Trensurb, altamente beneficiada, porque a linha traçada vai até a FIERGS, ou até o triângulo da Av. Baltazar de Oliveira Garcia. Mas enquanto isso não acontece, temos que cuidar de algumas situações. E aí é um problema que a Casa tem que pensar de forma global. Não pode pensar que isso é um problema do Governo Fortunati, pois este Governo daqui a dois anos termina! Quem vai ser o próximo Governo de Porto Alegre eu não sei! Pode ser da mesma corrente política dele, ou pode ser de uma corrente diferente! Agora, tem que ter um planejamento de longo prazo! O metrô é uma situação de longo prazo, na melhor das hipóteses. Enquanto esse longo prazo não se realiza, a médio prazo, temos que, indiscutivelmente, melhorar e organizar o transporte coletivo de massa na cidade de Porto Alegre. E aí, Ver. Conceição, é aquilo que eu comentava com Vossa Excelência: a grande perda que eu registro para a Casa e para o Município, no momento, é que nós, na busca de melhorias para o transporte coletivo de passageiros de Porto Alegre, repito, já disse isso há poucos dias aqui nesta tribuna: nós deixamos de nos debruçar sobre o essencial – erro que eu acho que o Brasil todo pratica com maior ou menor intensidade e que, em muitos lugares, está começando a corrigir –, que é a forma de financiar o transporte coletivo. Eu não posso imaginar que a gente eternamente vá conviver com esse sistema, em que o próprio usuário do transporte coletivo não só sustenta a utilização com o pagamento pelo seu transporte, como também paga pelo transporte de vários outros que são beneficiados por leis federais, estaduais e municipais, todas elas dentro desse espírito brasileiro predominante – não vou dizer populista, não vou, isso poderia ser entendido até como um gesto pouco elegante da minha parte – de excessiva bondade, da qual a Constituição brasileira. A Constituição brasileira previu a felicidade geral para todo mundo; tudo vai acontecer de bom para o delegado de polícia, para quem ganha salário mínimo, para quem não ganha salário mínimo, está tudo escrito ali; ou o direito à saúde, à educação, o apoio à velhice, à infância, à juventude, em todo lugar.
A nossa Carta Maior não disse como é que isso ia acontecer. De certa maneira, o Brasil, repete, é a repetição tupiniquim da tentativa europeia do estado de bem-estar social, perseguido pelos europeus durante muito tempo e que gerou a situação que hoje nós conhecemos da Europa. Até os remédios para esses devaneios anteriores, que são complexos e complicados, nem sempre estão dando resultado na Espanha, em Portugal e aí por diante, com a austeridade preconizada pela germânica líder da Alemanha, a Angela, que preconiza uma austeridade para os iberos, para os lusitanos e que para o alemão não é surpresa, porque são treinados na disciplina, mas para os latinos não é tão fácil de se absorver esse fato.
Então, quando pensamos na Zona Norte, acabamos falando na Alemanha, porque as coisas vão se vinculando umas com as outras e vão acontecendo. Mas, no fundo, o que eu queria dizer, respondendo aquela sua indagação inicial, é que no grande sonho há expectativa. Quem não sonha deixa de viver, não tem expectativa, não tem visão de maior alcance, desejo maior de que se realize aquilo que seria o ideal. Mas nós não podemos ficar só no sonho, temos que trabalhar no dia a dia. Agora mesmo, a Cidade festeja essa licitação que se abre para o transporte coletivo. É bom isso? Será bom? São justificados esses festejos? Ali dentro está incluída a solução do problema? Eu tenho as minhas dúvidas. Então, estou ficando o cético desta Casa. Eu sou o representante do ceticismo. É que, na minha idade, o sonho tem que ser o sonho de olho aberto. Eu tenho que sonhar acordado, não posso sonhar dormindo, porque dormindo eu não controlo o meu sonho e acordado eu controlo o meu sonho. E isso é que eu quero fazer.
Não dá para falarmos aqui partidariamente, nem se deve fazer, porque isso é verdade, os nossos companheiros que são candidatos, e eu não sou candidato a nada, não sou eu que vou criar esse tipo de conturbação aqui. Mas o objetivo do pronunciamento, provocado e instigado pelo meu querido colega Cláudio Conceição, foi dizer o seguinte: a Zona Norte não é diferente da Zona Sul; temos problemas em comum. E temos que trabalhar nesse conjunto, porque o Ver. Cleiton, lá do Espírito Santo, tem as reivindicações específicas daquela área. O Ver. Thiago pensa no Lami; pensa na Cidade, mas pensa no Lami de forma preponderante. O Vereador Líder do Governo, aqui na Casa, Mario Fraga, pensa em Belém. Eu até penso na minha Restinga – por que não? Todos temos algum núcleo para o qual temos uma atenção mais vinculada, mas há uma matriz geral a unir todas essas coisas, e não tem para determinados assuntos soluções parceladas, isoladas. É como ocorre na rede de esgotos: não adianta tu resolveres trinta metros de esgotos, se tu não tiveres sequência, porque, senão, tu estás transferindo problema de um lugar para outro, e não é isso o que se quer.
O que nós não podemos perder – e eu não perco mesmo com o meu ceticismo com relação às coisas – é a certeza de que não basta a gente ficar lamuriando e chorando em cima dos problemas. Alguma coisa dá para se fazer, e isso, certamente, as urnas vão determinar agora, os novos gestores deste País, deste Estado, os novos Parlamentares do Rio Grande do Sul e do Brasil haverão de – com responsabilidade cívica, respeitadas suas posturas ideológicas – realizar para o bem da Nação e para o bem deste Estado.
E tudo isso, há de se incrementar no ano vindouro.

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