Venho à tribuna de
certa forma constrangido por vir num dia em que estivemos discutindo
de tudo um pouco e, na hora de votar as matérias, não termos quórum
para votar.
Este constrangimento é
em nome do poder; eu, pessoalmente, não sinto dificuldade nenhuma,
porque a Casa é testemunha de que eu sou um dos primeiros a chegar e
um dos últimos a sair.
Não tenho que ditar
regras de comportamento para quem quer que seja, mas,
lamentavelmente, eu previ que estávamos discutindo muito e que, no
fim, não haveria quórum para votarmos os projetos, como
efetivamente ocorreu.
Agradeço ao Ver.
Tarciso por me ter propiciado a oportunidade de utilizar este período
de Grande Expediente para uma manifestação mais profunda.
Entre as várias
discussões que a Casa acompanhou, houve manifestações de repúdio,
trazidas por escrito, a um grupo de pessoas que estariam pregando a
volta da ditadura militar ou coisa do gênero.
O Ver. Janta, numa
manifestação extremamente consequente, colocou muito bem que
eventuais falhas da democracia brasileira, eventuais inverdades
eleitorais que as urnas possam ter carregado, não transformam a
democracia em algo desprezível, muito pelo contrário.
E eu afirmo que a
democracia ainda continua o melhor sistema que os cidadãos livres
possam imaginar para a sua vida.
É logico que há uma
grande frustração neste país, porque, de certa maneira, se
olharmos o que as urnas expressaram, a Presidente Dilma é
reconduzida à Presidência da República por menos de 40% do
eleitorado brasileiro.
E isso decorre porque
mais de 20% se abstiveram de votar, também houve mais de 5% de votos
brancos e nulos, o que fizeram com que, no mínimo, um entre quatro
brasileiros lavasse as mãos no processo e, com isso, transferisse
para o restante da população a responsabilidade de decidir os
destinos do país.
Eu, assim como o Ver.
Janta e vários outros Vereadores desta Casa, lutamos até o
derradeiro momento para ver terminado esse período ingrato para este
país de estar na mão desses desmandos que aqui ocorrem.
Mas muitos que tinham
que nos acompanhar, que normalmente nos insuflam para a tomada de
posições, foram viajar para outro lugar e nos deixaram discutindo
sozinhos.
Não é possível que,
numa decisão de 2º turno, em que duas alternativas bem opostas são
colocadas, exista essa quantidade enorme de abstenções e esse
número expressivo de votos nulos e brancos. Por isso, eu quero dizer
que eu vi a manifestação do PT por escrito dizendo que aqui se
queria restabelecer a ditadura militar, mas, depois, ao ler os
jornais, vi que não é nada disso.
Há pessoas que foram
às ruas, no seu direito legítimo, querendo auditoria nas urnas
eletrônicas porque há informações dos mais diversos recantos do
país alegando a possibilidade de que tenha havido fraude eleitoral.
Essa é outra situação.
Eu, honestamente, como
joguei o jogo jogado, participei da eleição, aceitei que ela fosse
decidida através do voto colocado na urna eletrônica, não é agora
que eu perdi que eu vou sair a reclamar da urna.
Se a urna valeu para
eleger o Governador de São Paulo, com a astronômica votação que o
elegeu, se valeu para eleger o Governador Sartori, com a estrondosa
votação que recebeu aqui no Estado, ela tem que valer sempre.
É do jogo, é assim, é
essa a urna.
Se ela tem defeitos, se
ela permite manipulação tem que demonstrar tecnicamente e vamos
impugnar por antecipação, e no próximo pleito, quando tiver pleito
municipal, tem que votar com papelzinho, não tem mais a urna.
É esta a colocação
que faço.
De resto, acho que não
podemos mais continuar nesta história de querer enganar das mais
diferentes formas o eleitorado brasileiro.
Os últimos dias que
antecederam a eleição foram um cipoal interminável de anúncio de
novas obras, de anúncios de novos procedimentos, procedimentos
aguardados há mais de 10, 15 anos, agora são anunciados: “Vai
iniciar a segunda ponte do Guaíba”.
Aqui, hoje, a Zero Hora
- que o PT não vai mais ter coragem de dizer que é porta voz do
antipetismo, porque jogou muito claramente do outro lado nesta
eleição, jogou, e fizeram bem, era posição de vários dos seus
protagonistas -, fala: “Infraestrutura/ERS-118: As pedras no
caminho da duplicação”.
Faz 20 anos e metade da
obra não foi realizada.
Vinte anos!
Porto Alegre também
anda tendo uns pecadilhos aí, que acho que nós, que defendemos o
Governo Fortunati, precisamos ter um esclarecimento mais convincente,
porque não consigo mais explicar porque tanta obra está parada aqui
na cidade de Porto Alegre.
Alguma coisa está
errada, e os erros a gente tem que admitir e procurar corrigir.
Mas o que eu não posso
é, aceitar como natural essa circunstância: promete tudo o que bem
entende na véspera da eleição e depois não faz nada, fica tudo
por isso mesmo.
E aí eu fico
desautorizado a cobrar das pessoas que não vão votar, esse
procedimento.
Eles dizem que não
adianta votar porque os políticos não cumprem – essa é a
expressão que mais ouço daqueles que anulam voto – o que
prometem.
Então, quero dizer a
todos que o desespero que toma conta hoje de grande parcela da
população, irresignada, inconformada com a decisão das urnas, que
nos foi desfavorável, só pode levar para uma posição, e eu quero
convocar aqueles que estão irresignados como eu a, democraticamente,
assumir a posição da resistência.
Não pode ser oposição
só na véspera da eleição, nós temos que ter posição durante
todo o período, a partir do primeiro momento.
Aliás, a Câmara dos
Deputados já fez uma manifestação, muito bem tomada, repudiando, a
tentativa de tornar esse País numa Venezuela, numa Bolívia ou coisa
semelhante, evitando, dessa forma, uma das hipóteses: não queremos
que nem a esquerda, nem a direita atrapalhe o processo de
sedimentação da democracia, que pode ter falhas - eu acho que as
têm -, mas dessa forma pode-se eliminar suas características
positivas.
É por isso, que eu
quero da tribuna, lamentar que o PT não esteja aqui.
O PT trouxe uma
manifestação contrária às pessoas que foram reclamar, que querem
auditoria das urnas, posição com a qual eu não concordo, acho que
essa urna tem que ser auditada, mas não nessa eleição que já foi,
mas para a próxima eleição que virá.
Porque, senão, é
querer ressuscitar o defunto, não, não é. Perdemos a eleição,
temos que respeitar a vontade das urnas.
Quem participou, tem
que respeitar; agora, aqueles que não participaram, não tem nem o
direito de reclamar, os omissos.
Tem muita gente que
hoje está brava, e, no dia da eleição, não estava aí, tinha ido
passear.
Eu estou irresignado,
e, por estar irresignado, quero dizer que o meu partido haverá de
ser um partido de oposição responsável, transparente e sincera.
Se não o for, não
será mais o meu partido.
Acho que as urnas
definem muito bem: quem governa é responsável pelo Governo; quem
não governa, quem foi repelido pelas urnas, tem que tomar,
concretamente, a postura de oposição.
O fato de que nós
resignadamente estamos aceitando o resultado das urnas não nos
impede, pelo contrário, nos autoriza a cobrar, e cobrar fortemente,
aos gestos políticos que ocorreram durante o período pré-eleitoral,
o trabalho de enganação da população brasileira desenvolvido de
Sul à Norte. Não dá para culpar os nordestinos exclusivamente não,
tem muito nordestino que resistiu e resistiu bem.
A coisa aconteceu em
Minas Gerais, medo de perder o Bolsa Família tem em todo este
Brasil, não é só no Nordeste, é que no Nordeste tem maior
quantidade, por dificuldades que o povo nordestino tem vivido.
Vamos pedir uma
auditoria na urna eletrônica para ver se ela é realmente útil,
correta, transparente e consequente para a próxima eleição; para a
que ocorreu é chorar o leite derramado.
Paralelamente, vamos
ter que ir ao aprofundamento da análise das consequências do grande
escândalo, o maior escândalo da história político-econômica
deste País que é o escândalo da Petrobrás.
Maior que o Mensalão!
Muito maior!
Cada um que pega a
delação premiada e entrega mais fatos.
Soube até que o
doleiro teve um certo piripaque, quase que coincidentemente com o
momento em que ele ia identificar o nome dos proprietários das
contas que recebiam as propinas: os intermediários.
E aí, é de matar
qualquer doleiro, aí não pode deixar falar.
Se deixar, cai a casa.
Eu não quero que a
casa caia por impeachment ou qualquer outra situação.
Estou resignado, vou
sofrer quatro anos.
E daqui a quatro anos,
eu retomo a luta na maior intensidade possível para fazer com que
este período absolutamente nefasto da vida político-econômico-social
do País termine.
Chega de mentir para o
povo!
Esse povo é crédulo,
deu mais uma oportunidade àqueles que compõem o Governo da
Presidente Dilma, que não é só o PT: é o PT e seus cúmplices.
É raro o partido
brasileiro que não tenha algum grau de cumplicidade.
Mas todos têm que ser
cobrados agora, com dureza, com firmeza.
Vamos pagar perante a
opinião pública a promessa feita e a realização da mais profunda
auditoria que o Janta propôs: na Petrobras, na Eletrobrás, nos
bancos – sim, nos bancos, por que não? –, especialmente nos
bancos que financiam obras das grandes empreiteiras fora do País,
onde é mais fácil fazer movimentação dos recursos e a devolução
para as fontes que terão de ser ressarcidas. O remédio é a
resistência democrática, acreditando que as instituições podem
ser, em determinados momentos, responsáveis por uma mentira
democrática, que foi essa que 78% da população manteve esse quadro
negativo.
Omissão de uns; falta
de competência de outros; a luta continua!
Resistência
democrática é a minha receita!
Não quero golpe, vou
para a oposição, onde tenho estado ultimamente e irei com a firmeza
de quem quer um Brasil socialmente justo, economicamente livre,
politicamente desenvolvido e culturalmente administrado no sentido do
bem-estar social de toda essa boa gente: do Nordeste, do Sul, do
Sudeste, do Centro-Oeste, do Norte, do Brasil brasileiro.
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