027ª
SESSÃO EXTRAORDINÁRIA - 21DEZ2011
A SRA. PRESIDENTE (Sofia Cavedon): O Ver.
Reginaldo Pujol está com a palavra para discutir o PLL n.º 164/11.
O SR. REGINALDO PUJOL: Sra.
Presidente, Srs. Vereadores e Sras. Vereadoras, eu fui Relator desta matéria e
dei o Parecer Conjunto, que foi aprovado na reunião correspondente à sua
análise.
Eu vejo neste Projeto – quero
assinalar este fato – uma circunstância muito especial. Retorna para a Casa a
discussão deste tema, o que, em verdade, Sra. Presidente e Srs. Vereadores,
hoje, pela legislação vigente, nenhuma instalação de Área Azul fora do
perímetro central poderia ser feita sem a anuência desta Casa. E nem
precisaria ser nessas avenidas de grande circulação que o Ver. Luiz Braz
contempla, como outras que não são avenidas, mas em que existem, inclusive,
situações absolutamente incompreensíveis. Por exemplo, uma área de boa circulação
ter estacionamento temporário pago dos dois lados da rua, o que transforma a
circulação numa verdadeira confusão. Ora, nós estamos aqui diante daquela velha
situação em que o Governo tudo pode, o particular não pode. A gente vai lá e
diz: “É errado estacionar nessa rua”. Agora, se pagarem um dinheirinho para a
empresa que o Município autoriza a cobrar, aí deixa de ser errado, passa a ser
certo.
Então, eu venho à tribuna muito
mais com o objetivo de aprofundar esta discussão, até porque, alertam-me os
colegas, paralelamente ao debate que estamos fazendo, as Lideranças discutem
algumas emendas com as quais pretendem superar algumas dúvidas e restrições
apresentadas ao Projeto do Ver. Luiz Braz, e ele
se aproxima do microfone de apartes, e me pede esse aparte, e eu o concedo com
a maior alegria.
O Sr. Luiz Braz: Ver. Reginaldo Pujol, veja bem,
a nossa preocupação inicial foi exatamente as áreas que são pagas, a Área Azul,
porque, afinal de contas, essas áreas foram criadas por lei, e nós temos que
modificá-las por lei. O resto dos estacionamentos, aqueles estacionamentos não
pagos são decisões administrativas que a própria Secretaria pode tomar; não
precisa de lei para fazer isso. Mas está sendo construída uma emenda pelo Ver.
Toni Proença para que na própria legislação que estamos criando já se proíba
também esse estacionamento do não pago nessas vias de grande fluxo e que a
Prefeitura crie alternativas para estacionamentos.
O SR. REGINALDO PUJOL: Agradeço
o aparte de Vossa Excelência. Acho que, evidentemente, estamos vivendo na
intensidade essa circunstância que não passa desapercebida por ninguém nesta
Cidade como também não passa desapercebida neste País e neste Estado: é que a
multiplicação, cada vez maior, do número de veículos que são licenciados e,
consequentemente, Ver. Tarciso, transitam na Cidade, gera uma situação
praticamente incontrolável. A criação de garagens alternativas, inclusive as
garagens subterrâneas, e há muito se cogita isso, só agora começa a se
deslumbrar a possibilidade de elas existirem com a propalada realização da
licitação pública na busca de interessados para bancar esse empreendimento.
Aliás, eu nem sei por que faltam empreendedores para fazer garagens em Porto
Alegre, porque é o negócio mais lucrativo que eu conheço! O preço para se
estacionar um veículo, aqui no perímetro central, em uma garagem, é
astronômico! É um convite para não se vir ao Centro. Então, evidentemente, eu
sei que nós temos que combater esse problema da circulação, Ver. Oliboni, de
forma inteligente, até apoiando projetos muito específicos que vão ter
maturação longa, e só vamos poder sentir o seu resultado dentro de 4, 5, 6
anos, como é o caso do metrô e de algumas revitalizações que, por lei específica,
precisamos fazer no seu entorno...(Som cortado automaticamente por limitação de
tempo.)
A SRA. PRESIDENTE (Sofia Cavedon): O Ver. Reginaldo Pujol continua a sua manifestação, a partir deste
momento, por cedência do Ver. Paulinho Rubem Berta.
O SR. REGINALDO PUJOL: Fico
grato, Ver. Paulinho Rubem Berta, e também fico grato a Vossa Excelência,
Presidente, por me permitirem que eu aprofunde mais este debate não só pela
conveniência do seu aprofundamento, mas, sobretudo, por estarmos ganhando tempo
hábil para que as negociações que se desenvolvem pelo Ver. Toni Proença, pelo
Ver. Ruas, pelo Ver. Comassetto, pelo Ver. Raul possam prosperar a ponto de nós
termos encaminhadas à Mesa essas Emendas, que são verdadeiras contribuições
objetivas para que se retirem do Projeto algumas características que são
entendidas, pela grande maioria da Casa, como desagradáveis e desaconselháveis
numa legislação.
Mas o mais importante, eu quero
repetir, é que está ocorrendo no Município um permanente e total desrespeito à legislação
hoje vigorante. Atualmente, nenhuma Área de Estacionamento Azul poderia ser
estabelecida fora do perímetro central sem que houvesse prévia autorização da
Câmara de Vereadores. Todos esses casos de estacionamento de Área Azul
existentes por aí não tiveram a autorização da Câmara. O Ver. Dib, que foi o
primeiro Vereador nesta Cidade, há 40 anos, a falar em estacionamento
temporário pago, deve reconhecer, como nós reconhecemos, que aquele mundo que
enxergávamos há 40 anos, 30 anos é completamente diferente do atual. Não
podemos, de modo nenhum, ficar acreditando que, com pequenas cirurgias, nós
vamos enfrentar essa situação. Ou se buscam grandes soluções, ou vamos ser
soterrados pelo problema; ou se abrem nos pontos principais de Porto Alegre,
Ver. Idenir Cecchim – V. Exa. teve aprovado um Projeto de Lei há poucos dias
nesse sentido –, as garagens subterrâneas, ou se toma essa atitude corajosa,
pretensiosa, capaz de enfrentar objetivamente o problema, ou vamos ficar todos
os anos discutindo se proibimos ou permitimos. Hoje, proibir é uma consequência
da necessidade de fluir o trânsito; permitir é uma forma de reconhecer as
necessidades que as pessoas têm, na farmácia, no estabelecimento comercial, no
banco, de estacionar na frente nem que seja meia hora.
Obviamente, Vereador, na
conjunção dessas situações, há necessidade de uma resposta mais objetiva, o que
é um dos grandes empreendimentos que V. Exa. advoga e com os quais eu concordo.
O Sr. Idenir Cecchim: V. Exa.
permite um aparte? (Assentimento do orador.) Ver. Reginaldo Pujol, V. Exa.
levanta um assunto interessante e uma ligação importante. Se proibirmos, por
exemplo, o estacionamento na Av. Assis Brasil, nós vamos prejudicar o maior shopping de rua da América Latina; são 8
quilômetros de comércio, lado a lado. E lá, nos horários de maior movimento, é
proibido o estacionamento pago. Então, a minha preocupação é neste sentido: o
que é que nós vamos fazer com os comerciantes de rua, por exemplo, da Av. Assis
Brasil, que dependem, muitas vezes, desses 15, 20, ou 30 minutos para que o
cliente pare, faça sua compra e possa ir embora? Vossa Excelência levanta um
assunto muito importante. A minha preocupação é neste sentido também: que antes
de se proibir se ache uma solução.
O Sr. Luiz Braz: V. Exa. permite um aparte?
(Assentimento do orador.) Ver. Pujol, está-se fazendo uma melhora na Redação,
dizendo que esse estacionamento será proibido desde que se criem vagas nas vias
laterais para que tenhamos alternativas para que esses carros possam estacionar
em outros locais.
Mas temos que partir para a ideia
de não permitir o estacionamento nas vias de grande fluxo porque isso tem
acabado com a possibilidade de paz na Cidade.
O SR. REGINALDO PUJOL: Eu
agradeço a Vossa Excelência. Acho que estou cumprindo aquilo que eu tinha me
proposto, ainda que eu não possa bater palmas para a Emenda proposta, porque
nós estamos somente transferindo o problema, mudando ele de lugar. Eu estou
sustentando desta tribuna, V.Exa. não estava me ouvindo, Vereador, que enquanto
nós não tivermos atitudes ousadas, fortes, positivas, nós vamos continuar
tocando música de ouvido e em torno de uma nota só. É o samba de uma nota só, é
sempre a mesma coisa: quando a gente resolve o problema de um lado, a gente o
transfere para outro lado.
Em verdade, retirar da avenida e
colocar nas ruas de pouca circulação pode, de repente, ser um problema maior do
que o existente hoje. Mas pelo menos será uma tentativa.
Acho que, ao final e ao cabo, uma
coisa tem que ficar muito clara: a lei vem sendo descumprida no Município de
Porto Alegre. Novas áreas azuis ou as próprias áreas azuis, ao serem
restabelecidas, terão que ter, a rigor da lei, até que essa seja modificada, se
o for, a audiência desta Casa, senão serão ilegais, como o são até o presente
momento.
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