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| Foto Elson Sempé Pedroso / CMPA |
Acho que, com toda
razão, hoje se instituiu no País o procedimento politicamente
certo. As pessoas, no mais das vezes, não tomam uma posição que
julgam ser a mais correta, e sim aquela que, no senso geral, é a
mais aconselhável para que não fique numa situação de desconforto
no conjunto da sociedade e da comunidade brasileira. Há pouco,
deixei de votar a proposição do Ver. Nereu D’Avila, de repúdio
ao Deputado Bolsonaro, pelas suas afirmações feitas na Câmara dos
Deputados. Fi-lo tranquilamente. Acho que a Casa não pode, cada vez
que os Deputados batem boca em Brasília, ofendem-se reciprocamente,
tomar a postura de Comissão de Ética e querer, pela Câmara dos
Deputados decidir. O que se diz, lá em Brasília, não é o mesmo
que se diz aqui. Eu, há muito conclamo que aqui também tem que se
ter muito respeito. Agora, por muito tempo só um partido falou neste
País, xingando todo mundo, dizendo que todo mundo era desonesto,
comprometido, estava a cavar o retrocesso, o atraso, etc. Agora,
virou a moeda, e não se quer mais que se use o que era o exercício
natural da democracia e agora passou a ser um excesso deplorável. Eu
não gosto de trabalhar com dois pesos e duas medidas. Agora mesmo, o
Ver. Nereu D'Avila parece que tomou conta do debate aqui na Casa. Seu
pronunciamento a respeito do projeto de lei no Ver. Brasinha, já
aprovado, praticamente tomou conta do debate que aqui aconteceu. E
eu, na ocasião, não quis dele partilhar, dele participar, não só
por respeito ao Ver. Nereu D'Avila, mas porque achei inoportuno
naquele momento que se falasse. Mas, eu devo dizer que, no meu
entendimento, com o maior respeito que tenho ao Vereador Nereu, o
mesmo se encontra equivocado na análise dos fatos, inclusive
tirando algumas ilações e conclusões de fatos indevidamente. A
briga, a quebra das cadeiras no Sport Club Internacional, no domingo,
não é porque as pessoas tenham tomado cerveja lá, até porque é
proibido vender cerveja lá. Para os doidos de toda ordem, não vai
ser um copo de cerveja a mais ou a menos que vai alterar essa
situação; o que altera é a ausência de providências.
Eu quero dizer,
sinceramente, o seguinte: eu acho que a maioria das pessoas,
inclusive o grande jornalista, meu pessoal amigo, Brito, não leram
adequadamente a proposta do Ver. Brasinha, honestamente acho que não
leram. Se leram, não escreveriam o que escreveram. Aliás, o título
da manifestação do jornalista Brito, enfaticamente trazida à
tribuna pelo Ver. Nereu D'Avila, é significativo, fala na Lei Seca.
Ora, a Lei Seca é o período mais crítico, mais vergonhoso da
história política dos Estados Unidos, em que mais corrupção foi
ensejada, em que mais falcatrua se perpetrou, em que se estabeleceu,
inclusive, o regime da segurança privada com a venda de segurança
feita pelas gangues, que proliferaram por causa da Lei Seca. Ora,
esse exemplo não serve para nós. Ademais, eu tenho informações
seguras de que nos Municípios e nos Estados americanos, onde existe
maior rigidez com relação ao consumo do álcool, existe maior
incidência de problemas de ordem pública; aqueles malucos que pegam
uma arma e saem detonando crianças, esses não tomaram cerveja em
lugar nenhum! São loucos e tiveram a sua loucura, acrescentado pelo
próprio meio em que estão inseridos. Então, o Ver. Brasinha está
sendo homenageado. Criaram uma confusão tal em torno da sua lei que,
daqui a pouco, nós vamos ser chamados na ONU para explicar que nós
não queremos que ninguém entre com um copo na mão, com uma garrafa
na mão, pois vão jogar a garrafa no juiz, no bandeirinha, enfim, no
adversário. Não, a lei é expressa, o Vereador Brasinha foi muito
inteligente ao fazê-la, limitando lugares onde podem ser
comercializadas e ingeridas as bebidas - leia-se cerveja -, e como,
estabelecendo que é com copo plástico. E a única ligação que
isso pode ter com o estatuto do torcedor é que aqui diz que o
torcedor não pode entrar portando nenhum instrumento capaz de
promover agressões em torno dele. Não é isso que a lei enseja! Ela
enseja o consumo de cerveja nos bares, nos restaurantes, na
lanchonete, nas áreas VIPs e nos camarotes. É isso! Quem está lá,
sentadinho, não pode! Aliás, já não pode hoje. Hoje não pode
estar com um guaraná. Não pode ter nenhum instrumento na mão capaz
de gerar qualquer tipo de agressão. Então, estão fazendo uma
confusão deliberada, não sei por que razão, o projeto do Brasinha
é muito bom, eu votei nele conscientemente, espero que o Prefeito
Fortunati não seja violentado por essas críticas inadequadas,
sancione o Projeto e permita que se faça uma experiência.
Eu estive na Copa do
Mundo, ao meu lado, as pessoas tomavam cerveja em copos especiais, e
não aconteceu absolutamente nada! Um dia fui recepcionado durante a
Copa do Mundo, tomei três ou quatro copos de champanhe que me foram
oferecidos, não perdi o controle, não bati em ninguém, não
violentei nada, não criei problema nenhum. Então, eu vou ao
estádio, eu vou a todos os jogos do Grêmio, vou a todos os jogos do
Grêmio aqui em Porto Alegre, a alguns fora da cidade de Porto
Alegre, sei onde os problemas se localizam. Essa tentativa de combate
à violência com esse discurso pela Lei Seca está se dando de forma
equivocada, não vai contribuir absolutamente em nada para que se
alcance essa melhoria de tranquilidade, que somente será alcançada
com lances inteligentes, como ontem foi alcançado: gremistas e
colorados saindo de mãos dadas pela rua. O meu filho estava lá na
área mista junto com o amigo dele assistindo ao jogo. Isso não
impediu que alguns malucos fizessem bagunça, e esses malucos não
tinham tomado cerveja coisa nenhuma, são malucos pela própria
natureza.
Então, eu quero deixar
muito clara não só a minha repetida solidariedade com o projeto de
lei do nosso querido Ver. Brasinha, como também a minha expectativa
de que ele possa ser experimentado e que se possa demonstrar para
Porto Alegre como é possível se fazer segurança num regime de
liberdade, onde num restaurante eu possa levar a minha esposa, meus
filhos, a minha família, os seus amigos, os meus amigos, fazer uma
refeição dentro da nossa Arena do Grêmio e, depois de almoçar e
tomar um copo de cerveja, me dirigir para assistir ao jogo com
tranquilidade, como sempre fiz até o presente momento, sem nunca
estar alcoolizado! A verdade é que os que entram alcoolizados no
estádio bebem fora do estádio!
Para concluir, eu
diria: vamos discutir este tema à exaustão. Na parte da legalidade,
eu duvido que alguém tenha elementos suficientemente capazes de
desfazer o relatório que eu fiz na Comissão de Constituição e
Justiça, onde foi aprovado por unanimidade. Eu conheço lei, eu me
especializei nessa matéria e, sem falsa modéstia, conheço muito
mais lei do que muitos desses palpiteiros que andam por aí. Fica
aqui a minha solidariedade plena com o Ver. Brasinha e com o belo
projeto que a Casa aprovou.

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