Me questionam sobre
minha posição acerca da ausência dos empresários do transporte
coletivo de Porto Alegre, na abertura de licitação que aconteceu
semanas atrás.
Diversamente de grande
parte das pessoas com quem eu contato, eu não recrimino os
empresários por esta atitude. Ao contrário. Elogio a atitude. Uma
atitude responsável.
Bem diferente do que
ocorre na grande maioria das licitações brasileiras.
Na Petrobrás, por
exemplo, onde os licitantes propoem-se a realizar uma tarefa que
sabidamente não o fariam em condições normais.
E ao ganhar a licitação
buscam, logo depois que firmam o contrato, alterar algumas
disposições contratuais e com isso alcançar a rentabilidade que
não alcançariam se executassem plenamente o edital que lhes fora
proposto. É o início das maracutaias.
Os chamados “arranjos”.
Aí é que vem a transformação de um contrato de cem milhões, em
um contrato de cento e cincoenta, duzentos milhões, com resultados
que satisfazem não só o empresário, mas como também enseja a
distribuição das propinas. Como bem assevera o magistrado, que hoje
conhece como ninguém os processos que hoje envolvem a nossa querida
Petrobrás. Até ontem, ídolo e grande símbolo da eficácia
nacional. E hoje envolvida nesse mar de lama em que lamentavelmente
se encontra.
Por isso eu louvo a
atitude dos empresários de Porto Alegre, que lendo o edital, que é
um catatu enorme, e analisando os mesmos, entenderam não ter
condições de participar desta licitação, pela razão direta, de
que uma vez vitoriosos, porque haveriam de ser pois não havia outro
candidato, não teriam condições de honrar o contrato, objeto da
licitação a que estamos nos referindo. Atitude responsável, digna,
correta, que ao inves de ser criticada, deve ser aplaudida. Porque
difere das coisas que acontecem no Brasil. Eu quero mais uma vez
acentuar a minha posição: o grande problema do transporte coletivo
de Porto Alegre, é que discutimos tudo. Menos as formas de custear
este serviço público, inteiramente suportado pelo usuário, que não
raro é sacrificado em pagar valores muito maiores pela tarifa que
utiliza.
Tarifa essa que seria
mais baixa se não fosse onerada pela série de benefícios, que leis
das mais diversas fontes, inclusive da Câmara Municipal, chegando ao
Congresso Nacional, concedem benefícios, a maioria dos quais
adequados e justos, mas que teriam que ser sustentados de outra
maneira que não a forma como hoje são sustentados. Isto é: os
pobres sustentando algumas pessoas, que muitas vezes não são tão
pobres quanto eles. Então na síntese não critico os empresários.
Elogio sua atuação, sua forma responsável
E mais uma vez faço o
alerta: enquanto não mexermos nessa forma cruel, que transfere ao
usuário, todo o custeio do transporte coletivo na cidade, inclusive
as isenções, estaremos dando voltas em torno do assunto sem
oferecer soluções concretas ao mesmo.
Fevereiro vem aí. E em
fevereiro temos dissídio da categoria, existem tentativas desde já,
de fixar valores acima da inflação, e lá nos depararemos com o
problema de ter que transferir este aumento de custo que se soma ao
já concedido aumento dos combustíveis, para a tarifa. E com isso
agravamos mais a situação. Acho que ao invés de estarmos cogitando
novas licitações nós deveríamos enfrentar, com coragem e de
frente, este problema que estamos denunciando.
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Pujol